Review | The Rogue Prince of Persia – O retorno do príncipe em formato roguelite

Após o sucesso de Prince of Persia: The Lost Crown — um dos maiores acertos da Ubisoft nos últimos anos — a empresa surpreendeu ao lançar The Rogue Prince of Persia, que revitaliza a série em uma nova aventura roguelite 2D. Desenvolvido pela Evil Empire — estúdio conhecido pelo suporte pós-lançamento de Dead Cells — o jogo passou o último ano em acesso antecipado e, agora, chega à sua versão 1.0. O resultado é um roguelike desafiador, estiloso e extremamente cativante. Um detalhe importante: o jogo está disponível gratuitamente para assinantes do plano PlayStation Plus Extra.

The Rogue Prince of Persia se passa em Ctesiphon, capital do Império Persa, devastada por uma invasão dos Hunos. A ameaça vai além de soldados e poder militar — os inimigos também usam magias xamânicas corrompidas. Logo no início, os Hunos derrotam o príncipe, mas um artefato misterioso o revive três dias depois, concedendo a ele o poder de retornar à vida após a morte.

A partir desse ponto, o jogo estabelece o ciclo típico de um roguelike: a cada morte, o príncipe renasce e retorna mais forte. Sua jornada vai além de simplesmente derrotar inimigos — ele precisa resgatar sua família, reunir aliados e reconstruir uma resistência para salvar o Império Persa. A história se desenrola entre as runs, bem-sucedidas ou não, por meio de novos diálogos, personagens que passam a integrar sua base após serem encontrados, e pistas que aprofundam o mistério por trás da invasão e das forças mágicas envolvidas. Apesar de não ser o foco principal, a Evil Empire construiu uma narrativa única, mas fiel ao espírito da franquia.

Uma mecânica interessante que ajuda o jogador a acompanhar seus objetivos é o Mapa Mental — recurso semelhante ao apresentado em Pathologic 2. Esse mapa oferece pistas sobre os próximos passos e se atualiza conforme o jogador avança por diferentes regiões, funcionando como um diário de missões (ou Quest Log), mas integrado de forma mais orgânica à narrativa.

A jogabilidade é o grande destaque de The Rogue Prince of Persia. O jogo conta com uma movimentação fluida, onde mantém a essência que conhecemos do personagem, como correr pelas paredes, pulos intercalados entre duas paredes, pulo duplo, investidas e ataques aéreos. Os controles são extremamente responsivos e tornam prazeroso cada movimento feito, criando um ritmo de jogo satisfatório, onde o ciclo de repetição se mantém viciante.

O sistema de movimentação ganha ainda mais dinamismo com o Sopro de Vayu, um recurso que se carrega à medida que o jogador realiza sequências de movimentos ágeis. Ao preencher a barra, o jogador recebe um impulso de velocidade que melhora as animações e a fluidez dos movimentos, incentivando uma jogabilidade mais estilosa e eficiente.

Apesar da movimentação única e da jogabilidade fluida, o jogo pode ser bastante punitivo no início. A curva de aprendizado é íngreme e, em certos momentos, frustrante. No entanto, após algumas runs e várias tentativas e erros, o jogador supera essa barreira e é recompensado com uma experiência de combate estilosa e envolvente.

The Rogue Prince of Persia oferece diversas melhorias e itens para a progressão, tornando cada run recompensadora — mesmo em caso de falha. Logo no início, o jogador coleta as Cinzas da Alma durante as runs e pode usá-las para desbloquear novas armas e medalhões. No entanto, é necessário depositar todas as cinzas nos Altares de Almas. Caso o jogador morra antes de fazer isso, ele perde todo o acúmulo.

Para melhorias permanentes o jogo conta com pontos de habilidade que são adquiridos ao derrotar inimigos. A árvore de habilidade é bem generosa e dividida entre várias camadas, permitindo melhorias de vida, começar com ouro ou até mesmo uma segunda chance ao morrer. É importante destacar que é possível resetar a árvore de habilidades e redistribuir os pontos sempre que quiser, possibilitando a criação de diversas builds.

O ouro é coletado e usado durante cada run. Você obtém ouro ao derrotar inimigos ou abrir baús, e pode usá-lo para adquirir novas armas e habilidades, melhorar seus equipamentos ou até mesmo rolar as opções de uma loja. Por fim, o Sangue Corrompido se torna disponível após você finalizar o jogo pela primeira vez, permitindo desbloquear novos trajes.

O arsenal é vasto e bem variado, permitindo ao jogador criar diversas builds. O príncipe pode lutar apenas com os punhos ou empunhar espadas, adagas, lanças e outras armas, cada uma com um sistema de combos único. É possível aprimorar essas armas com Medalhões, que oferecem sinergias específicas — como adicionar efeitos de fogo ou veneno, aumentar a velocidade dos ataques ou potencializar os acertos críticos. Essa combinação entre armas e medalhões amplia as possibilidades estratégicas e incentiva a experimentação a cada nova run.

Os Medalhões são parte importante para o combate e oferecem vantagens que vão de resistência elementais até mesmo efeitos únicos ao chutar inimigos ou derrotá-los com ataques específicos. É possível equipar quatro tipos de medalhões: básicos, raros, lendários e corrompidos. Os corrompidos são poderosos, mas também possuem malefícios para o jogador. No entanto, os Medalhões duram apenas uma partida, obrigando o jogador a saber gerenciar seu uso e a encontrar novos medalhões a cada nova partida.

Os inimigos se adaptam aos diferentes biomas e apresentam uma boa variedade. Desde soldados hunos básicos até criaturas mágicas corrompidas, o jogo exige que o jogador aprenda padrões de ataque distintos e adote estratégias variadas. Cada área introduz novos desafios — inimigos que atacam à distância, armadilhas ambientais e criaturas que se fortalecem se não forem derrotadas rapidamente — mantendo o combate sempre dinâmico e imprevisível.

Os chefes aparecem com menor frequência, mas são memoráveis, com padrões de ataque únicos e arenas que exigem domínio dos movimentos de plataforma. São combates intensos, com margens de erro pequenas e muita adrenalina. Principalmente se o jogador buscar o troféu de platina, onde é preciso derrotar todos os chefes sem sofrer qualquer arranhão, um desafio e tanto.

Visualmente, The Rogue Prince of Persia é belíssimo. Com a chega da versão 1.0, o jogo recebeu uma repaginada total no visual, com mais detalhes em cenários e iluminação refinada. Cada bioma possui uma identidade visual forte: desde aquedutos inundados até bibliotecas ancestrais, tudo é desenhado com cuidado e estilo. A direção de arte é um dos pilares da experiência, transmitindo uma ambientação persa autêntica com toques modernos que não soam fora de lugar

A trilha sonora, composta por ASADI, combina música persa tradicional com batidas eletrônicas modernas. O resultado é uma composição impactante e atmosférica, que eleva a intensidade de cada fase e batalha. Esse é um dos aspectos mais marcantes do jogo, em muitos momentos, é possível reconhecer biomas e trechos da campanha apenas pela música.

No PlayStation 5, The Rogue Prince of Persia roda de forma exemplar! O jogo se mantém nos 60fps durante todo o tempo e com uma resolução que destaca os cenários vibrantes, enquanto a os carregamentos são rápidos – no entanto, em certos momentos senti um certo travamento ou lentidão enquanto mudava de região.

Agradecimentos a Ubisoft que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

The Rogue Prince of Persia é uma revitalização ousada e bem-sucedida da franquia, combinando jogabilidade fluida, narrativa intrigante e direção de arte impressionante. Com combates desafiadores, progressão envolvente e trilha sonora marcante, o jogo se destaca entre os melhores roguelikes recentes. Apesar da curva de aprendizado íngreme e pequenos problemas técnicos, a experiência geral é recompensadora e viciante. Gratuito para assinantes do PS Plus Extra, é uma excelente oportunidade para mergulhar em uma aventura persa estilosa, moderna e com muito potencial de rejogabilidade. Um verdadeiro acerto da Ubisoft e da Evil Empire.

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