Towa and the Guardians of the Sacred Tree se apresenta como uma mistura interessante de roguelite com elementos de RPG tático, trazendo uma dupla dinâmica entre o Tsurugi, personagem principal que empunha duas espadas, e o Kagura, seu suporte mágico que lança feitiços durante as batalhas. O título incentiva o jogador a experimentar diversas combinações de Tsurugis e Kaguras para encontrar o estilo que melhor se adapta. O treinamento na vila, ajuda a afinar essa curva de aprendizado, preparando o jogador para a jornada que está por vir.
A vila de Shinju funciona como o centro nervoso da experiência, um local onde falar com os moradores é essencial para desbloquear histórias secundárias e receber recompensas valiosas, como minérios e itens que serão úteis durante as corridas. A interface facilita essa interação, mostrando um indicador sobre quem deseja conversar, e pelo menu rápido é possível acompanhar quantos eventos estão ativos na vila.
Essa mecânica reforça a sensação de comunidade e entrega um respiro entre as batalhas, além de ampliar o enredo de maneira orgânica. No entanto, a falta de tradução para o português brasileiro acaba prejudicando bastante a imersão, especialmente para jogadores que não dominam o inglês, fazendo com que detalhes importantes da história e das missões se percam no caminho.
Para quem não está familiarizado com o gênero, o modo história oferece uma porta de entrada com dificuldade reduzida, permitindo focar mais na narrativa e no desenvolvimento dos personagens do que na intensidade dos desafios típicos dos roguelites. Entre uma incursão e outra, é fundamental gastar os minérios coletados para melhorar as habilidades dos guardiões no dojo, construir novas edificações na vila, aprimorar as joias sagradas no santuário e aproveitar promoções na loja para adquirir equipamentos importantes.
Atividades paralelas, como a pesca, oferecem mais do que simples minigames — os jogadores capturam peixes que geram pontos, trocados por itens exclusivos, como inscrições que garantem vantagens no início das corridas, agregando valor prático e estratégico à exploração do ambiente. Infelizmente, algumas dessas atividades se tornam repetitivas com o tempo, o que desacelera o ritmo em sessões mais longas.
No centro das batalhas, o posicionamento é um fator-chave. É necessário usar o dash com cautela, priorizando ataques pelas costas para garantir backstabs, maximizando o dano e aproveitando momentos críticos com estratégia. Em situações mais apertadas, os Fatal Blows surgem como ferramenta decisiva, pois sua invencibilidade inicial permite evitar ataques e contra-atacar com força.
A atenção à durabilidade das espadas é essencial, já que, ao quebrarem, o dano é reduzido pela metade, exigindo troca imediata em combate. Essa mecânica traz uma tensão constante, obrigando o jogador a gerenciar seus recursos de forma cuidadosa. Ainda assim, o combate por vezes sofre com uma resposta de comandos nem sempre precisa, e alguns momentos de atraso nas animações comprometem a fluidez.
Os chefes representam um desafio à parte e enfatizam a necessidade de evitar danos a todo custo, estudando seus padrões e punindo cada erro com golpes certeiros. Tentar avançar com agressividade desenfreada não costuma funcionar, fazendo do jogo um convite à paciência e à estratégia. No entanto, certos encontros apresentam picos de dificuldade abruptos, sem uma curva gradual, o que pode desmotivar jogadores menos experientes.
A personalização é ampla e passa pelo sistema de Graces, itens divinos que concedem bônus poderosos. O jogo aconselha focar em uma Grace durante cada run para maximizar seus efeitos. A criação e aprimoramento das espadas é essencial, exigindo que o jogador planeje bem o propósito — como dano elevado, velocidade ou golpes fatais. Não é necessário apegar-se a uma arma específica, já que desmontá-las para reutilizar peças é comum, desde que duas espadas estejam disponíveis sempre. Infelizmente, o menu de gerenciamento pode ser confuso em momentos de pressão, e a interface nem sempre é intuitiva.
O sistema de habilidades reforça a importância de investir cedo em dashes para garantir mobilidade, especialmente porque os personagens começam com números diferentes. Para o Kagura, aumentar a saúde é prioridade, já que ele funciona mais como suporte, liberando o Tsurugi para focar no ataque. Magias de suporte também são indispensáveis, pois oferecem bônus que vão desde aumento de velocidade até proteção contra dano, abrindo possibilidades táticas variadas. Além disso, o jogador deve melhorar cada guardião de forma que otimize suas habilidades e status de forma individual.
A escola da vila desbloqueia pequenas missões secundárias que merecem atenção, pois oferecem recompensas raras que facilitam a fabricação de armas. É importante completar essas tarefas antes de avançar o tempo no santuário, já que o avanço temporário reseta as solicitações, fazendo com que o progresso nelas seja perdido.
O Valoric Ore deve ser investido prioritariamente em construções úteis, como o porto, que permite enviar mercadores em busca de materiais importantes. Gastar esse recurso com itens cosméticos não é recomendado. No entanto, repetir essas missões pode se tornar cansativo em runs mais longas e repetitivas. A ausência de um sistema dinâmico para renovar solicitações de materiais limita a variedade das runs, comprometendo o ritmo e a diversidade da progressão.
Visualmente, Towa and the Guardians of the Sacred Tree é um espetáculo. A arte mescla um estilo charmoso e detalhado, que equilibra a fofura dos personagens com um design mais maduro e elaborado nos ambientes. A paleta de cores e o design dos cenários ajudam a criar a atmosfera acolhedora da vila, que contrasta com a tensão das batalhas. Hitoshi Sakimoto, veterano conhecido por trabalhar em Final Fantasy Tactics, assina a trilha sonora e traz uma qualidade musical de alto nível, além de uma ambientação sonora que se destaca.
No que diz respeito ao desempenho, roda bem no PS5, entregando uma experiência fluida e sem grandes bugs ou crashes. Ainda assim, alguns travamentos ocasionais e quedas de frame rate podem ocorrer em momentos de maior intensidade visual, sem comprometer, porém, a jogabilidade de forma significativa.
Agradecimentos a Bandai Namco que nos enviou o jogo para a produção do review.
Conclusão
Towa and the Guardians of the Sacred Tree combina roguelite e RPG tático, oferecendo excelentes sistemas de personalização e um visual encantador. Apesar de problemas com repetição, ausência de localização em português e alguns tropeços na interface e no combate, o título brilha com sua profundidade estratégica e atmosfera acolhedora. É uma experiência envolvente para quem busca desafios com personalidade.
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