Poucos mascotes dos anos 80 conseguiram envelhecer com alguma dignidade. E menos ainda fizeram isso pulando em plataformas 3D. Mas Pac-Man conseguiu — e com um sorriso amarelo do tamanho da nostalgia dos anos 2000. Pac-Man World 2: Re-Pac não só revive uma das transições mais carismáticas do personagem para o mundo moderno, como também mostra que, com um bom polimento, até um clássico de duas décadas atrás pode brilhar de novo.
Sim, é isso mesmo: o come-come mais famoso dos videogames voltou, agora com gráficos atualizados, jogabilidade refinada e aquele tempero extra que transforma um simples remake em algo realmente especial. É hora de pegar suas Frutas Douradas e enfrentar o tal do Spooky com estilo — e pulos bem mais precisos.
A trama continua a mesma: os fantasmas aprontaram de novo, roubaram as frutas sagradas da árvore de Pac-Land e acabaram soltando um espírito maligno ancestral com nome de desenho animado — Spooky. Cabe a você, no papel de Pac-Man, recuperar as frutas, salvar o mundo e talvez parar para comer umas cerejinhas no caminho. Nada muito profundo, mas também… estamos falando do “come-come”, né?
O jogo se divide em mundos temáticos que estão ligados pela Pac-Vila e traz aquela estrutura clássica de plataformas: coleta tudo, enfrenta o chefe, avança pro próximo cenário. Mas Pac-Man World 2: Re-Pac possui modos que dão uma sobrevida bacana à campanha. O principal deles é o modo Contra o Tempo pra quem curte competir contra o próprio tempo, modo que pode ser acessado ao finalizar a fase pela primeira vez. Após isso basta acessá-la novamente e pegar o relógio logo no início, a partir disso, corra o mais rápido que puder e colete pequenos relógios para diminuir seu tempo final.
Além disso, temos diversas fases bônus no estilo arcade, e até um modo de assistência em que um segundo jogador pode ajudar com um cursor amigo. O remake adiciona um fator replay muito bom para quem ama a franquia ou gênero, no entanto, pode se tornar cansativo ou repetitivo, até porque o modo arcade e o Contra o Tempo são para jogadores não tão casuais, podendo ser bem difíceis em certos pontos.
O ponto central da trama e nosso hub, a Pac-Vila está mais linda do que nunca e oferece aos jogadores diversas possibilidades e novas atividades. Podemos trocar nossas moedas Gashapon por estatuetas para enfeitar a vila, jogar nos arcades no modo labirinto e claro, coletar diversos itens espalhados por ela.
Pac-Man World 2: Re-Pac brilha mesmo na jogabilidade. Agora o personagem possui uma movimentação mais refinada, podendo até mesmo usar um flutter jump — aquele pulo flutuante que virou tendência em plataformas modernas — que permite controlar melhor os saltos e evita os tombos frustrantes que o jogo original apresentava.
Além disso, o indicador de pouso facilita a aterrissagem, tornando a experiência mais dinâmica. Esse pequeno detalhe faz diferença em um jogo de plataforma com diversos pulos, eliminando aqueles momentos em que o jogador quase acerta o salto. O combate também recebeu melhorias: agora o chute giratório tem um botão próprio, o ataque à distância com Pac-Dots voltou, e até os projéteis inimigos podem ser rebatidos.
Mesmo não possuindo um grande foco no combate – é a parte mais entediante do jogo – esse refinamento proporciona uma maior diversão. Creio que a maior parte da diversão em relação ao combate, não é o combate em si, mas sim se transformar em um come-come gigante e devorar os fantasmas pela fase.
Uma das primeiras coisas que pensei quando comecei a jogar Pac-Man World 2: Re-Pac foram nas fases do gelo. No jogo original elas eram punitivas, injustas, frustrantes e demasiadamente irritantes – sim, eu odeio elas, como você percebeu? Como é um remake, as fases retornaram, mas dessa vez de uma forma justa, a física escorregadia foi totalmente reajustada, não parecendo uma pista de sabão. O desafio permanece lá, mas agora depende mais da sua habilidade do que das probabilidades da fase.
Coletar itens também ficou mais fácil: a área de coleta foi aumentada, então você não precisa mais fazer malabarismo pra pegar uma maçã flutuante. Isso ajuda, especialmente em fases com plataformas móveis ou rotas alternativas. Além disso, novas missões secundárias foram adicionadas, incentivando a exploração e dando aquele gostinho de descoberta. Essas missões são simples e são apenas três por fases: Concluir a fase, obter um pontuação X e coletar todas as frutas. Não é necessário concluir todas as missões de uma vez, podendo fazer aos poucos. Ao final, uma nova roupa é desbloqueada para nosso herói.
Outro grande destaque que foi melhorado em relação ao jogo original foram os chefes. Com as melhorias no sistema de combate, melhorias gráficas, arenas melhoradas e áreas de colisão refinadas, o jogo tornou tudo mais justo. Como já disse, o combate não é o grande foco aqui, as lutas são simples, mas cumprem bem seu papel de chefes.
E pra quem achava o jogo difícil demais na infância: agora tem modo fácil. Menos dano, mais vidas, e uma curva de aprendizado bem mais amigável. No entanto, o modo fácil pode te punir, principalmente no modo Contra o Tempo. Ao jogar as fases contra o tempo no modo fácil, seu relógio acrescenta alguns segundos como punição, impedindo o jogador de conseguir tempo ouro na maioria das vezes.
Visualmente, Pac-Man World 2: Re-Pac é um colírio cartunesco. O jogo foi completamente reconstruído com gráficos em alta definição, mantendo aquele charme colorido do original, mas agora com texturas decentes, iluminação moderna e animações suaves como manteiga derretida. Cada mundo tem sua própria vibe — do verde vivo das florestas até a lava sinistra das cavernas vulcânicas. Os personagens foram remodelados com carinho, e os cenários ganharam mais vida sem perder a essência retrô.
E aquela câmera que era pior que qualquer inimigo ou chefe do jogo original, finalmente foi arrumada! Agora o jogador tem total controle dela, acabando com as desculpas de que morreu porque a câmera atrapalhou. Também é importante destacar que um dos maiores acertos nesse remake foi o mapa refeito. Agora ele é simples, mas funcional e com as informações necessárias. É possível saber sua pontuação, tudo que foi coletado na fase ou ficou faltando e até mesmo sua classificação no modo contra o tempo.
No quesito performance, o jogo também se destaca. Pac-Man World 2: Re-Pac roda sem quedas de fps, carrega rapidamente e apresenta menus mais intuitivos. Toda a interface foi melhorada: agora, a barra de vida está clara, o feedback visual responde melhor e o HUD ficou totalmente adaptado. Além disso, o jogo está em português, algo que imaginávamos ser impossível lá em 2002.
Agradecimentos a Bandai Namco que nos enviou o jogo para a produção do review!
Conclusão
Pac-Man World 2: Re-Pac é um remake que acerta em cheio ao equilibrar nostalgia com modernização. As melhorias na jogabilidade, nos visuais e na acessibilidade tornam a experiência mais justa, fluida e divertida — sem perder o charme original. Mesmo com alguns momentos repetitivos e combates sem brilho, é uma carta de amor aos fãs e um ótimo ponto de entrada para novatos.
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