Review | Digimon Story: Time Stranger – O jogo definitivo da franquia

Digimon Story: Time Stranger é, sem dúvida, uma evolução significativa dentro da franquia Digimon Story. Com um enredo que combina elementos clássicos de ficção científica com o charme e mistério do mundo digital, o jogo apresenta uma narrativa envolvente centrada em viagens no tempo, profecias e o iminente colapso entre os mundos humano e digital.

Como um grande amante da série, ver todas as melhorias e claro, tantos digimons icônicos nessa jornada foi algo único! Além disso, a Bandai Namco pela primeira vez trouxe um jogo da franquia totalmente em PT-BR, algo que alegra à todos e torna a aventura ainda mais imersiva.

Em Digimon Story: Time Stranger assumimos o papel de um agente da organização secreta ADAMAS, e somos responsáveis por investigar anomalias temporais que ameaçam a realidade que conhecemos. Durante um grande evento, nosso personagem é lançado ao passado, e a partir disso encontramos nossa primeira grande companheira, Inori Misono. A partir desse ponto, a narrativa evolui de forma significativa, levando a diversas investigações no mundo real e também no digimundo através do tempo. Além disso, o jogo cria um espaço para desenvolver os personagens e criar laços afetivos, seja através de diálogos nas missões principais ou através de missões secundárias.

O elenco de personagens é carismático e bem desenvolvido. Inori, com sua personalidade empática, forma uma conexão imediata com o jogador. Seu parceiro Digimon, Aegiomon (que nasce de um Digiovo misterioso e sagrado), é parte central da narrativa. Há também Hisoko, uma streamer curiosa e corajosa, que traz leveza e energia à trama. Todos os personagens possuem motivações claras e evolução narrativa, o que ajuda a manter o jogador emocionalmente engajado.

A ambientação se alterna entre o Japão moderno e o Digimundo mais aberto e explorável que nunca. A história acerta em cheio ao usar elementos conhecidos da franquia, como os Digiovos de coragem, amizade e conhecimento, enquanto insere conceitos inéditos como o sistema de Agentes e as forças míticas dos Olympus XII e os Titãs. E é nesse ponto que a história prende ainda mais quem é um grande amante da franquia, usando e introduzindo de forma precisa Digimons marcantes da série, seja no grupo dos Titãs ou Olympus.

Apesar da grande narrativa, o grande coração de Time Stranger é seu robusto sistema de jogabilidade. O combate é por turnos, mantendo a essência dos jogos anteriores, mas agora com melhorias importantes em ritmo, personalização e acessibilidade. O jogador pode formar uma equipe com três Digimon ativos e diversos outros em reserva, trocando membros durante a batalha conforme a situação exigir. Além de contar com alguns Digimons convidados na party, grande parte disso acontece durante a história ou missões secundárias.

A variedade de Digimon disponíveis é imensa, com novos rostos e favoritos de longa data. Cada criatura tem atributos específicos (Vacina, Vírus ou Dados) e habilidades próprias. O clássico sistema de vantagens entre os tipos funciona como uma espécie de “pedra, papel, tesoura”, mas com camadas adicionais de estratégia graças aos status (PV, PH, ATQ, DEF, INT, SPI, VEL) e habilidades personalizáveis.

A mecânica de Digivolução é profunda e gratificante. Para evoluir seus Digimon, não basta apenas subir de nível — é preciso cumprir requisitos específicos como alcançar certos atributos, subir seu Nível de Agente ou completar eventos. O destaque, porém, vai para o sistema de De-Digivolução, permitindo ao jogador retroceder para formas anteriores e reconstruir os Digimon com atributos melhores ou apenas escolher uma nova transformação. Esse sistema permite ao jogador explorar novas abordagens em todos os combates e incentiva-o a conhecer novos Digimons.

Outro aspecto importante é o sistema de treinamento na DigiFarm, localizado no O Teatro do Entre-Mundos (Teatro Limiar), um espaço entre o tempo e o espaço acessível apenas ao protagonista. Aqui, o jogador pode melhorar atributos de forma passiva, personalizar as atividades da fazenda e planejar o futuro evolutivo de cada Digimon. Apesar de parecer algo que leva tempo para evoluir, se possui dinheiro consegue deixar seus monstrinhos extremamente fortes em pouco tempo.

Durante a jornada utilizei a DigiFarm e gastei milhões para colocar meus status em 9999 e conseguir zerar o jogo no NG+. Apesar de ser um bom sistema, não é possível visualizar os requisitos de evolução dentro do menu do DigiFarm, o que obriga idas e vindas frequentes ao menu principal, comprometendo a fluidez da experiência. Além disso, o valor usado para avançar o tempo é irrisório, tornando o método extremamente roubado para vencer as batalhas.

Entre outras mecânicas notáveis estão as Montarias. Sim, é possível montar em certos Digimon, como WarGreymon ou Garurumon, cada um com uma animação e estilo únicos. Isso não apenas reforça o vínculo entre parceiro e jogador, como também resgata a fantasia infantil de muitos fãs da franquia. Apesar de não aumentar significativamente a velocidade de movimentação, é uma adição carismática e nostálgica.

Outro destaque é o sistema de Agente, onde o jogador acumula Pontos de Anomalia para desbloquear habilidades especiais (os Cross Arts) e aumentar seu Rank de Agente. Isso influencia diretamente nas possibilidades de Digivolução e no desempenho geral da equipe.

Apesar da limitada exploração nos jogos anteriores da série, aqui a Bandai acertou em cheio! Após algumas horas iniciais nas conhecidas áreas de Tóquio, o jogo revela um vasto Mundo Digital totalmente explorável, com mapas mais abertos, segredos, masmorras opcionais e áreas escondidas.

A sensação de aventura é palpável. O design dos mapas, embora ainda dividido em áreas conectadas, é mais rico visualmente, com caminhos alternativos, baús escondidos, e variedade de biomas digitais. O jogo também introduz as Outer Dungeons, zonas mais desafiadoras que recompensam com itens raros e Digimon exclusivos.

As missões secundárias são variadas e algumas até bem escritas, indo desde simples entregas até investigações envolvendo mistérios digitais, salvamento de Digimon perdidos e confrontos com vilões. Algumas quests só podem ser ativadas ao utilizar roupas especificas, como de Digimons ou até mesmo a roupa clássica do Tai do anime.

Entretanto, nem tudo brilha. A navegação pelo mapa, apesar de funcional, ainda depende de um sistema de menus em vez de transições mais naturais, o que pode quebrar um pouco a imersão. Além disso, o sistema de viagem entre mundos é sempre lento, necessitando voltar ao Teatro Limiar e assim escolher onde e quando no tempo voltar, quebrando em muito o ritmo.

Visualmente, Time Stranger representa um avanço notável em relação aos seus antecessores. Os modelos dos Digimon são detalhados, com animações únicas para ataques, Digivoluções e até para as montarias. As expressões dos personagens durante as cenas também estão mais refinadas, e o mundo apresenta cores vibrantes e um estilo artístico que homenageia o anime enquanto adota uma abordagem mais madura e contemporânea.

As cutscenes são belíssimas e a introdução ao Mundo Digital com a exibição do título, ao estilo anime épico, é de arrepiar. A fluidez das batalhas e movimentação geral é excelente, com o jogo mantendo uma performance estável nos consoles. Não há relatos relevantes de quedas de frame ou bugs graves.

A trilha sonora é outro ponto alto. Com composições que transitam entre o eletrônico futurista e o orquestral épico, a música embala a aventura com precisão. Cada área possui sua própria identidade sonora, e as batalhas contam com temas empolgantes. Além disso, o jogo é totalmente dublado em inglês e japonês — um salto significativo de qualidade em comparação com jogos anteriores. No entanto, o grande destaque vai para a localização completa em PT-BR, obrigado por isso Bandai Namco!

Agradecimentos a Bandai Namco que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Digimon Story: Time Stranger é uma evolução marcante na franquia, combinando uma narrativa envolvente com mecânicas profundas e uma ambientação rica. A inclusão do português brasileiro e a vasta gama de Digimons agradam fãs antigos e novos. Apesar de alguns pequenos deslizes em navegação e fluidez, o jogo brilha em jogabilidade, gráficos e trilha sonora, oferecendo uma experiência imersiva e estratégica. O sistema de Digivolução, a DigiFarm e o modo exploratório ampliam o valor de replay.

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