Review – PS5 | Blue Prince

Assim como tudo em Blue Prince, a narrativa não é entregue de forma linear e possui grandes mistérios. Assumimos o papel de um jovem cujo tio deixou uma grande mansão para você em seu testamento, no entanto ela só será sua se você achar o 46° quarto. A mansão possui 45 quartos visíveis e um lendário oculto, sendo nosso objetivo encontrá-lo. Esse coração é o grande mistério do jogo, e apesar de parecer uma premissa simples, o jogo entre diversos segredos e surpresas no decorrer da jornada.

O jogo é um roguelike com diversos outros elementos, então a cada novo dia o jogador retorna à mansão com a missão de reconstruí-la utilizando uma planta mágica. A cada novo dia a disposição dos cômodos muda, tornando cada nova tentativa única. Além disso, a mansão impõe regras rígidas que dificultam a vida do jovem: proíbe passar a noite em seu interior, não permite levar objetos de fora para dentro e faz com que tudo que for encontrado dentro dela permaneça lá.

Conforme os dias passam e você explora, você acaba descobrindo diversos segredos sobre seu falecido tio, o Barão Herbert Sinclair. O jogo te conta um pouco sobre tudo a cada nova run, entregando pistas e observações únicas entre cômodos e objetos. Esse mistério que circula o quarto 46° e toda essa mansão, entregam uma narrativa que mesmo não sendo linear entretém e prende o jogador do começo ao fim, fazendo-o ficar em um ciclo viciante até resolver o mistério.

Blue Prince é um roguelike com grande foco em quebra-cabeças, focando na exploração e resolução de mistérios. A cada novo dia, o jogador inicia com três portas iniciais e 50 passos disponíveis para achar o misterioso quarto 46. Ao se aproximar de cada porta, é possível escolher entre três cômodos que são gerados de forma aleatória. Cada uma das salas é única, possuindo itens, chaves, múltiplas saídas e até mesmo penalidades ou bloqueios.

O grande foco aqui é reconstruir a mansão a cada cômodo, peça por peça. Cada nova entrada criada consome um passo. Algumas salas ou ações consomem passos adicionais. É possível recuperar passos com bônus ou alimentos encontrados pelo cenário. No entanto, como há um limite de passos, você precisa planejar cada nova sala criada.

O jogo conta com uma grande variedade de salas, com interações únicas entre elas, exigindo estratégia ao escolher a próxima porta. Algumas salas podem gerar energia para outras, ou até mesmo abrir portas trancadas se estiverem próximas a disjuntores. No entanto, um dos grandes destaques são os quebra-cabeças, que variam de mistérios que envolvem matemática até mesmo desafios de lógica.

Assim como todo roguelike a progressão ocorre por meio de upgrades permanentes que são adquiridos após algumas runs. A cada nova run, novos cômodos são desbloqueados e dando mais sentido à alguns deles e como se conectam. Você pode passar dias e mais dias procurando pistas e combinações especificas para salas e itens.

Blue Prince exige do jogador raciocinio e muita sorte, visto que é normal se deparar com enigmas que a primeiro momento não fazem sentido, mas ao decorrer dos dias e cômodos, você se toca que deixou algo passar. Você precisa buscar sentido onde não há, ou então contar com a sorte de que uma nova sala surja e o tire do escuro.

A arte em cel shading de Blue Prince é simples, mas funciona perfeitamente para a narrativa do jogo. A estética mistura e equilibra perfeitamente o lado sombrio e o mistério de cada canto da mansão. Cada sala tem identidade própria, cores únicas e objetivos que se comunicam com os enigmas apresentados.

A imersão fica ainda maior com a trilha sonora discreta, simples, mas que reforça o clima de mistério e descoberta. O jogo trabalha muito bem os efeitos sonoros sutis para interações importantes ou até mesmo para ressaltar estranheza em certos cômodos. A falta de díalogos ou narração, imerge ainda mais o jogador na tensão do que está por vir a cada cômodo.

Em termos de desempenho, Blue Prince é fluido e bem otimizado. A transição entre salas é rápida e suave, mantendo o ritmo dos runs. A interface de construção da mansão é responsiva e intuitiva, permitindo que você coloque e conecte salas sem frustração.

Blue Prince beira a perfeição e possui problemas bem pontuais, principalmente para nós brasileiros. O jogo não é localizado para português, o que dificulta a imersão para nós.

Além da falta de localização, o jogo possui uma curva de aprendizado que pode afastar muitos jogadores nas horas iniciais, pois não possui tutoriais ou dicas. Particularmente, para mim não foi problema, isso tornou a exploração ainda mais imersiva e divertida, fazendo com que a cada nova descoberta, minha mente explodisse.

Por fim, é bom jogar com um trevo de quatro de folhas e um pé de coelho ao lado. Em muitos casos, você é totalmente dependente da sorte para que certos cômodos apareçam e não existe nada que você passa fazer.

Agradecimentos a Raw Fury que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Blue Prince entrega uma das melhores experiências roguelikes da atualidade, além de ser um dos melhores jogos de 2025. O jogo entrega mistério, quebra-cabeças e muita profundida à cada novo cômodo criado, fazendo com que o jogador aprenda com seus erros e saia da comodidade. No entanto, o jogo poderia ter localização para PT-BR, imergindo ainda mais os jogadores brasileiros.