Review – PS5 | Clair Obscur: Expedition 33

Clair Obscur: Expedtion 33 é o título de estreia da Sandfall Interactive e digo pra vocês: É um dos melhores jogos já feitos e o maior candidato a Jogo do Ano até agora. Com uma história densa, personagens bem construídos e um mundo único, é muito fácil ficar imerso no jogo. No entanto, ele vai muito além, pois, seu combate por turnos é primoroso, estratégico e preciso, sua trilha sonora é uma das melhores já feitar nos últimos anos e sua exploração, missões secundárias e tudo apresentado é tão vivo e único… Eu não vou me estender muito aqui, mas senhoras e senhores, eis aqui o review do meu jogo do ano.

Clair Obscur: Expedition 33 se passa em um mundo artisticamente devastado e poético ao mesmo tempo, com uma grande inspiração da Belle Époque francesa. Essa inspiração é refletida nos personagens, em suas roupas e em cada ambiente do jogo. A humanidade vive sob a ameaça da Artífice, uma entidade misteriosa que anualmente realiza o Gommage. Esse ritual faz com que pessoas com a idade superior à um número específico desapareceram. A cada ano esse número que está pintado em um monólito diminui, levando a civilização à colapsar gradualmente.

Em uma nova jornada heroica e suicida ao mesmo tempo, nos acompanhamos a Expedição 33 em uma missão para destruir a Artífice e encerrar esse ciclo. Todas as expedições enviadas anteriormente falharam em algum momento, e a 33° é a última esperança de romper o ciclo antes que a idade chegue a zero. Em uma jornada única, nos assumimos o papel de Gustave, que junto de Maelle, Sciel e Lune embarcam em uma jornada de autoconhecimento, memórias dolorosas, perdas e descobertas que podem mudar sua visão sobre o mundo.

Ao longo do caminho, os personagens são forçados a confrontar seus próprios traumas e dúvidas, enquanto descobrem que a verdade por trás da Artífice, do Gommage e do mundo ao seu redor é muito mais complexa do que imaginavam.

O mundo de Clair é único e dividido em várias ilhas, isso acontece por conta de uma Fratura que aconteceu à 67 anos atrás. Esse evento cataclísmico, dividiu o continente e separou diversas nações. A nação principal e de onde partimos se chama Lumière, uma bela retratação de Paris, no entanto destruída e totalmente distorcida.

O enredo não é apenas envolvente e bem escrito, mas é emocional e reflexivo. Em diversos momentos os personagens são confrontados por diversos sentimentos que mudam sua percepção sobre tudo, seja amor, luto, sacrifício e a esperança diante do fim do mundo. E tudo isso fica muito mais imersivo graças a bela trilha sonora que o jogo possui, ela torna tudo mais intenso e emocional.

Clair Obscur: Expedition 33 é uma experiência narrativa única, mas a sua jogabilidade torna tudo ainda melhor! Misturando elementos de combates por turnos, elementos de RPG, um mundo vasto para explorar e mecânicas muito bem aplicadas, o jogo dá um novo frescor ao gênero. Apesar de possuir combates por turnos, o jogo possui mecânicas em tempo real para defesas, podendo defender e esquivar. A esquiva permite aos jogadores não tomarem dano, enquanto a defesa deve ser realizada no momento certo, impedindo de tomar dano, mas também abrindo brechas para um contra-ataque poderoso.

Com um combate robusto, cada personagem possui habilidades únicas para o combate. Gustave possui um braço mecânico que acumula cargas ao ataque e defender, liberando toda essa onda poderosa contra os inimigos – algo bem parecido com o uniforme do Pantera Negra no MCU. Maelle é uma habilidosa espadachim que pode trocar suas posturas entre defesa, ataque e virtuosa, cada uma delas possui passivas únicas, aumentando a defesa ou o ataque. Enquanto Lune é a grande maga do grupo, possuindo combinações elementais poderosas e curas. Além disso, somos apresentados a diversos outros personagens no decorrer da jornada, como Esquie que funciona como nosso meio de transporte entre as ilhas.

Mas calma, o jogo vai muito além de apenas personagens únicos. Seu sistema de Luminas e Pictos adicionam uma camada estratégica ao jogo, aumentando o número de habilidades passivas que cada personagem pode equipar. As habilidades passivas são providas através dos Pictos, ao utiliza-los em combates, você poderá desequipar eles e utilizar através dos pontos de Lumina dos personagens.

O jogo possui um vasto arsenal para cada personagem, com cada arma requerendo que você evolua certos pontos de atributos para retirar o máximo de seu poder. Além disso, elas podem ser melhoradas até o nível 33, exigindo um pequeno grind de material, mas que vale muito a pena.

Clair Obscur: Expedition 33 tem uma exploração vasta, muito conteúdo secundário e uma grande variedade de inimigos e chefes para enfrentar e dominar cada mecânica do jogo. Cada inimigo possui um padrão de ataque e exigem estratégias diferentes, como atirar em seus pontos fracos para causar maior dano ou combinações de elementos para expor fraquezas. É possível ter muito trabalho com diversos inimigos normais, principalmente se não aprimorar e aprender a defender no momento certo. No entanto, os chefes se destacam em meio a tudo isso, todos possuem visuais únicos, múltiplas fases e ataques que podem devastar toda a expedição de uma vez.

Por se tratar de uma expedição onde nunca alguém retornou, o jogo não possui mini-mapas ou marcadores de objetivos. É preciso se orientar através de uma bússola e explorar o cenário, fortalecendo a imersão e o senso de descoberta a cada nova área. Quanto ao mapa do jogo, você pode andar por terrenos e encontrar novas localidade para explorar, mas isso se intensifica com Esquie, abrindo possibilidades de explorar ilhas no céu e até mesmo nadar pelo oceano.

Uma das formas que o jogo expande sua história e te faz ligar para os personagens é através do relacionamento com cada um deles. Ao utilizar o acampamento é possível conversas com cada um de seus companheiros e estabelecer um nível de relação, onde você aprende novas habilidades e se aprofunda ainda mais no seu passado. Além disso, o jogo possui muito conteúdo extra, seja colecionáveis, chefes super secretos e difíceis (Simon, eu te odeio), mini games e muitas coisas que expandem a jornada. Mas se acha que perdeu algo durante a campanha, não se preocupe, é possível começar um NG+ logo após terminar o jogo.

Embora Expedition 33 não tenha mini games tradicionais como jogos de cartas ou quebra-cabeças, ele conta com interações leves e bem-humoradas, como os duelos com comerciantes Gestrals para desbloquear lojas, e momentos de comédia com o excêntrico mascote Esquie.

Vamos falar da arte que é Clair Obscur: Expedition 33, todo seu trabalho visual e sonoro é único. Com um tom realista e a inspiração da Belle Époque, temos um mundo melancólico, destruído e poético. O uso de cores vibrantes contrastam de forma única com os ambientes desbotados, imergindo ainda mais na temática do jogo e no que é a Artífice. Cada ambiente é único, Lumière é uma Paris única, onde vemos os destroços e uma Torre Eiffel destruída. No entanto, temos diversos lugares que são visualmente únicos, como o Cemitério de Barcos, a Mansão (Parte importante de toda narrativa e diversos ambientes que contrastam com a história.

Os personagens são expressivos, bem animados e cuidadosamente detalhados em suas vestimentas, todas com design condizente com a estética da época.

No entanto, a trilha sonora, composta por Lorien Testard, é o ponto alto de tudo que Clair faz. A jornada só é tão boa porque a trilha sonora se encaixa perfeitamente com a emoção de cada momento. Eu poderia ficar horas no menu apenas ouvindo o tema do jogo. É impossível que outro jogo vença em qualquer categoria musical se Clair Obscur estiver competindo.

E claro, vamos falar do grande trabalho que a Sandfall fez com a dublagem dos personagens! Charlie Cox, Jennifer English, Andy Serkis e Ben Starr são parte do casting e tiver atuações marcantes em cada momento do jogo. É impressionante que um jogo de estreia seja tão grandioso à ponto de ter um elenco de peso como esse.

Já no quesito desempenho no PS5, o jogo roda de forma fluida, sem quedas de fps, com tempos de carregamento rápidos e otimização eficiente. Mas calma e quanto aos problemas do jogo? Bom, ele não tem defeitos. Essa é uma obra perfeita, principalmente para um grande amante de RPGs e combate por turnos.

Agradecimentos a Kepler Interactive que nos enviou o jogo para a produção do review!

CONCLUSÃO

Clair Obscur: Expedition 33 é uma obra-prima emocional, visual e narrativa. Seu mundo poético e devastado, com forte inspiração na Belle Époque, entrega uma jornada profunda sobre sacrifício, memória e esperança. Com um sistema de combate inovador que mistura turnos com tempo real, personagens memoráveis, ambientação imersiva e uma trilha sonora excepcional, o jogo da Sandfall impressiona em todos os aspectos. Mesmo sem mapas ou marcadores, sua exploração é gratificante. A atuação de voz e o cuidado artístico elevam ainda mais a experiência. Uma estreia ousada e marcante. Para fãs de RPGs narrativos, é simplesmente imperdível.