Fatal Fury: City of the Wolves é um prato cheio para os veteranos e novatos na franquia, oferecendo diversos modos de jogo que mantém a tradiçãoda franquia com novas experiências. Para começo, temos o Modo Arcade, um dos modos mais clássicos em jogos de luta, onde escolhemos um personagem e enfrentamos diversos adversários, incluindo um chefe final, com uma cena final dedicada para cada personagem. É um modo mais direto e que visa aprofundar um pouco a história dos personagens.
No entanto, o grande destaque fica por conta dos Episódios de South Town, um modo história em formato RPG, onde os personagens ganham habilidades equipáveis e níveis. Aqui, podemos explorar mapas e enfrentar adversários para avançar. Apesar de ser um modo mais robusto, ele não possui animações ou dublagem, diferente do Modo Arcade. O grande foco aqui é um grind para chegar mais longe, deixar seu personagem mais forte. No entanto, esse modo pode se tornar meio frustrante em certos pontos, visto que ele é baseado em números e níveis, não na habilidade do jogador.
Quanto ao modo competitivo, temos os clássicos modo jogador contra jogador ou CPU e um modo online bem robusto. O modo online conta com crossplay entre plataformas, suporte para partidas casuais, ranqueadas e salas privadas. Além disso, é possível treinar contra inteligências artificiais baseadas em jogadores reais.
Para quem está começando, o tutorial é bem estruturado, explicando os controles, movimentos e sistemas avançados como o REV Meter e o S.P.G. (Selective Potential Gear), que ativa habilidades especiais dependendo do ponto da barra de vida definido pelo jogador. Por fim, o jogo inclui desafios de combo e treinos de execução para quem deseja se aprofundar nas mecânicas.
Fatal Fury: City of the Wolves mantém os fundamentos básicos da série, mas introduz e refina o combate com diversos sistemas modernos. Sua jogabilidade é amplamente técnica e rápida, oferecendo diversas possibilidades táticas para atacar, defender e contra-atacar. O jogo utiliza os quatro botões principais para atacar – dois de soco e dois de chute – e um botão extra para ações especiais. É possível escolher entre o Arcade Style, onde os comandos são os tradicionais dos fliperamas como meia-luas e movimentos carregados, enquanto o Smart Style simplifica combos e ataques especiais apenas a um botão. O Smart Style já vem sendo adaptado em diversos jogos de lutas mais recentes, como Street Fighter 6 e faz um grande sucesso com os novatos no gênero.
O combate se tornou mais dinâmico e brutal graças ao REV System, um medidor de energia que permite utilizar técnicas especiais chamadas REV Arts, REV Accel e REV Blow. Essa habilidades são fundamentais para quem quer realmente se aprofundar e destrinchar o combate do jogo, permitindo uma postura mais ofensiva, criando oportunidades únicas durante a luta. No entanto, a utilização do REV Meter causa superaquecimento, fazendo com que o jogador não possa utilizar essas técnicas novamente. Isso torna o combate mais estratégico, equilibrando entre momentos decisivos e agressivos, mas também à utilizar seu REV Meter com sabedoria. O REV Accel, por exemplo, permite transições rápidas entre golpes, ideal para combos e pressão. Enquanto, o REV Blow, disponível apenas quando o S.P.G. está ativo,
Outro sistema central é o S.P.G. (Selective Potential Gear), que permite ao jogador escolher uma parte da barra de vida — início, meio ou fim — que ativará um estado de poder aumentado. Ao entrar nesse estado, o personagem ganha bônus como aumento de dano e acesso ao REV Blow, causando dano massivo, ideal para momentos decisivos da luta. Essa mecânica adiciona uma camada estratégica logo no início da partida, fazendo com que cada jogador reflita sobre seu estilo e objetivo.
Além disso, a defesa também é bem trabalhada e essencial para o sucesso. O sistema Just Defend recompensa o bloqueio no último segundo com pequenas vantagens e recuperação de vida, exigindo precisão e leitura do oponente. Dodge Counters e Guard Crushes também fazem parte do arsenal defensivo, criando trocas de vantagem que vão além do ataque constante. O jogo valoriza tanto a ofensiva bem executada quanto a paciência e a consciência posicional.
O elenco inicial inclui 17 personagens jogáveis, com uma boa mistura de veteranos e estreantes. Personagens clássicos como Terry Bogard, Rock Howard e Mai Shiranui mantêm seus movimentos clássicos. Terry é equilibrado, com boa mobilidade e poder de punição. Rock combina velocidade e combos aéreos com ataques herdados de seu pai, Geese Howard. Mai se destaca pelo controle de espaço e ataques à distância com seus leques. O trio principal serve como um excelente ponto de partida para novatos na franquia, introduzindo-os a combos mais simples e as mecânicas básicas do jogo.
Entre os novos rostos, há destaques como Preecha, uma lutadora de muay thai que alterna entre posturas para pressionar adversários desprevenidos. DJ Salvatore Ganacci, baseado no famoso DJ sueco, utiliza ataques ritmados que lembram uma coreografia, criando confusão e combos estilosos. Enquanto Cristiano Ronaldo, o astro do futebol, é um personagem surpresa com um estilo de jogo excêntrico: ele usa chutes curvados que ricocheteiam nas paredes, bicicletas e dribles que confundem o oponente. Apesar de parecer uma piada, seu conjunto de movimentos exige leitura espacial e oferece estratégias únicas.
Todos os personagens têm especiais únicos e alguns contam com climax supers, que exigem o uso completo do REV Meter e posicionamento ideal para causar o máximo de dano. Além disso, a combinação de sistemas ofensivos, defensivos e táticos cria uma jogabilidade robusta que recompensa estudo e adaptação.
Fatal Fury: City of the Wolves exibe um trabalho audiovisual estilizado e eficiente, priorizando a personalidade e a clareza visual, mesmo sem disputar diretamente com as produções de maior orçamento do gênero. A equipe construiu os gráficos em 3D com forte influência 2D, adotando um visual cel-shaded que preserva a identidade clássica da SNK. Os artistas detalharam os personagens com animações impactantes, expressões faciais marcantes e efeitos visuais vibrantes durante os golpes especiais. Eles também refinaram minuciosamente elementos como as dobras das roupas, o suor e os efeitos de luz, tanto nos cenários quanto nos ataques.
O desempenho técnico é sólido no PlayStation 5. O jogo roda a 60 fps de forma estável, com tempos de carregamento curtos e menus acessíveis. A SNK priorizou uma experiência fluida tanto no offline quanto no online, que utiliza rollback netcode com bons resultados desde os testes beta. Além disso, a resposta dos controles é precisa, o que é fundamental para um jogo de luta técnico como este.
A trilha sonora é um dos grandes destaques. Misturando rock, hip-hop e jazz de New Orleans, cada faixa combina perfeitamente com a identidade dos personagens e o clima urbano do jogo. Além disso, os efeitos sonoros têm impacto e ajudam a transmitir o peso dos golpes.
Fatal Fury: City of the Wolves é um retorno justo da SNK à sua série clássica, mas está longe de ser um dos maiores lançamentos da empresa. Os Episodios de South Town, apesar de ser uma boa ideia, foi muito mal executado e sua progressão se torna cansativa em poucas horas no modo. Além disso, a SNK não investiu nas cenas de história como deveria, elas são representadas apenas por imagens estáticas, sem dublagem e com artes conceituais bem simples. Para um modo que mistura elementos de RPG, ele não é tão imersivo e pode ser pouco apreciado por muitos jogadores.
Visualmente o jogo é primoroso e muito bonito, no entanto alguns cenários são visualmente inconsistentes, seja com sua paleta de cores ou pelos personagens em 2D que enfeitam ele. Por fim, o sistema S.P.G., embora criativo, pode parecer excessivamente complexo para novatos. Ele exige que o jogador entenda conceitos de ativação de buffs e gestão de risco que não são intuitivos de imediato, mesmo com o bom tutorial.
Agradecimentos a SNK Corporation que nos enviou o jogo para a produção do review!
CONCLUSÃO
Fatal Fury: City of the Wolves é um retorno competente e estiloso da SNK à sua franquia clássica, com jogabilidade técnica e moderna, visuais carismáticos e ótima trilha sonora. O combate é profundo e estratégico, com sistemas como o REV Meter e o S.P.G. que ampliam as possibilidades táticas. No entanto, o modo Episódios de South Town decepciona com narrativa fraca e grind excessivo. Ainda assim, a acessibilidade via Smart Style e o modo online robusto tornam o pacote atraente.
Prós:
- Combate técnico e moderno
- Estilo visual se destaca
- Modo online com rollback e crossplay
- Smart Style é uma ajuda ideal para novatos
Contras:
- Episódios de South Town é maçante e cansativo
- Curva de aprendizado elevada para novos jogadores
- Cenários visualmente inconsistentes
NOTA: 8