Review – PS5 | Rusty Rabbit

Rusty Rabbit se passa em um universo onde coelhos antropomórficos vivem entre as ruínas de uma antiga civilização humana, conhecida por eles como os “gigantes”. A história gira em torno de Stamp, um coelho idoso e ranzinza que vive como um coletor e vendedor de sucatas deixadas pelos humanos. A vida de Stamp segue uma rotina previsível, marcada pela solidão e por lembranças amargas, principalmente pela ausência de sua filha, que abandonou a vida tradicional para se tornar arqueóloga. Sua escolha a colocou em conflito com as tradições religiosas dos coelhos, baseadas em uma interpretação sagrada das histórias de Peter Rabbit, algo que Stamp nunca conseguiu aceitar totalmente.

O ponto de virada na história ocorre quando Stamp, contra sua vontade, se envolve com um grupo de jovens exploradores que se aventuram nas ruínas da Montanha Smokestack. Apesar de relutante, ele acaba sendo puxado para uma nova jornada que mistura descoberta, confrontos com o passado e encontros com segredos há muito enterrados sobre os “gigantes”. Apesar do visual mais amigável, o jogo se mergulha em temas profundos como culpa, reconciliação familiar e o desejo humano de permanecer relevante em um mundo em constante mudança.

Um dos grandes pontos altos na história são as interações com outros personagens, onde temos diálogos que podem emocionar ou serem ácidos com seu humor. O jogo pode te fazer rir em um momento, e minutos depois te colocar em um estado de tristeza, principalmente nos flashbacks de Stamp e sua filha.

A jogabilidade de Rusty Rabbit mistura elementos de metroidvania com exploração narrativa. No controle de Stamp e seu Junkster improvisado, que foi montado com peças humanas, incluindo uma torradeira e um liquidificador. O jogo conta com habilidades simples e básicas de um metroidvania unido com escavações, como pular, escavar e derrotar os inimigos pelo caminho. Ao coletar sucatas, o jogador pode melhorar suas habilidades e melhorar seu mecha.

O jogo não possui um grande foco no combate, mas sim na escavação e exploração dos cenários, coleta de recursos e montagem de máquinas. Felizmente, o jogo não possui um grande foco em combate, visto que ele é bem simples e com inimigos fáceis de derrotar. Além disso, todas as mecânicas são meio que pesadas para serem executadas, reforçando o controle de um equipamento velho e remontado.

A estrutura das fases é majoritariamente linear no início, com a progressão se abrindo um pouco mais na segunda metade. Dungeons são pontuadas por portões que exigem cartões de acesso facilmente encontrados, o que torna a exploração mais simples. Os quebra-cabeças apresentados são simples, exigindo aos jogadores empurra blocos ou ativar interruptores.

O maior destaque do jogo é a sua personalização de veículos, tornando a aventura mais personalizável, apesar de sua simplicidade.

Visualmente, Rusty Rabbit mistura elementos de steampunk e cartoon. O design dos personagens é encantadoramente estranho: coelhos antropomórficos com olhos grandes e expressivos, vestindo roupas feitas de tecidos remendados e peças tecnológicas reaproveitadas. Já os cenários misturam paisagens industriais decadentes com elementos naturais, criando um contraste interessante entre o artificial e o orgânico. As ruínas humanas são repletas de detalhes que sugerem histórias esquecidas — letreiros corroídos, computadores fossilizados, bonecos infantis parcialmente derretidos.

A trilha sonora é discreta, mas emocionalmente eficaz, com músicas melancólicas que realçam a solidão de Stamp e sua jornada introspectiva.

Em termos de desempenho, Rusty Rabbit se mostra sólido na maior parte do tempo. No entanto, é possível ter problemas com colisões e bugs ocasionais de física, especialmente em áreas com muitos elementos móveis. A câmera, por vezes, também se perde em ambientes mais fechados, dificultando a navegação.

Rusty Rabbit tem alguns problemas que tiram grande parte do encanto, o primeiro deles é sua narrativa extremamente lenta e que demora pra engrenar.

Além disso, o jogo enfrenta problemas técnicos e de design. Entre os principais, destacam-se bugs de colisão, câmera inconsistente em ambientes fechados e a falta de variedade nos inimigos, com muitos deles sendo reciclados, com pouca diferenciação em comportamento, tornando os combates repetitivos.

O sistema de upgrades, embora promissor, não possui um impacto real e profundo. As melhorias parecem obrigatórias para avançar, e não frutos de escolhas estratégicas, diminuindo a sensação de personalização e recompensa. Além disso, a interface do usuário também deixa a desejar, com menus confusos, ícones pequenos e navegação pouco intuitiva, especialmente no uso do inventário e do mapa.

Agradecimentos a NetEase que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Rusty Rabbit é uma experiência peculiar, feita com muito coração, mas que não vai agradar a todos. Ele brilha ao oferecer uma narrativa emocional e um protagonista memorável, embalados em uma estética charmosa e um ritmo contemplativo. No entanto, peca em oferecer uma jogabilidade simplista, pouca profundidade nos sistemas e desafios pouco marcantes. É ideal para quem valoriza histórias intimistas e personagens bem desenvolvidos, mas pode frustrar quem espera um Metroidvania desafiador e variado. Um título modesto, mas cheio de alma, que vale a pena para o público certo.