Review | Achilles: Survivor – Um bullet heaven viciante na mitologia grega

Review | Achilles: Survivor – Um bullet heaven viciante na mitologia grega

Achilles: Survivor é uma criação ousada na consagrada fórmula de Vampire Survivors, mas com elementos mitológicos que lhe dão uma identidade própria. O título que foi desenvolvido pela Dark Point Games, mistura o combate automático, com elementos de roguelike e construções para apoio no combate em uma Grécia antiga repleta de perigos e seres mitológicos.

A estrutura básica é simples: sobreviva por 10 ou 20 minutos enfrentando hordas cada vez maiores de inimigos mitológicos. Os ataques do jogador são automáticos, disparados em padrões cíclicos, e o único controle é o movimento. A cada inimigo derrotado, você coleta orbes de experiência que permitem subir de nível, escolher novas habilidades ou aprimorar as que já possui. O jogo limita o arsenal a quatro ataques principais por partida, o que exige escolhas cuidadosas e combinações eficazes. Algumas habilidades atingem áreas ao redor do personagem, outras disparam projéteis teleguiados ou invocam deuses para auxiliar temporariamente. A variedade é grande, e há espaço para testar sinergias bem criativas — ainda que, de vez em quando, a oferta de upgrades pareça um pouco aleatória demais.

O combate, embora automático, exige atenção e reflexos. Você precisa desviar de hordas que cercam por todos os lados, enquanto coleta pedras, ativa estruturas e cumpre objetivos. E é justamente aí que o jogo apresenta sua mecânica mais original: a construção de defesas. Ao coletar pedra em minas espalhadas pelo mapa, você pode erguer estruturas nos pontos indicados — como torres de fogo, fontes de veneno, totens de cura e até cavalos de Troia que invocam aliados. Algumas dessas construções só funcionam se você estiver por perto, o que força decisões de posicionamento e aumenta a tensão. Outras funcionam em sinergia, como um empurrador que lança inimigos direto nos espinhos de uma lança gigante. Esse elemento de “tower defense” traz uma profundidade estratégica bem-vinda, que te faz pensar no ambiente como parte ativa do combate.

No entanto, esse dinamismo sofre com um problema importante: a interface de upgrades às vezes trava. Diversas vezes fiquei preso no menu de melhorias enquanto a ação acontecia e acabei morrendo por conta disso. É um bug frustrante, especialmente quando ocorre no fim de uma run longa e bem-sucedida.

Fora do campo de batalha, o jogo aposta em um sistema de progressão robusto. Você pode melhorar personagens, desbloquear classes, aprimorar habilidades passivas e ganhar favores dos deuses, que afetam toda sua conta. A sensação de evolução é constante, e a variedade de desbloqueios — que inclui até personagens inusitados, como uma galinha mitológica — ajuda a manter o interesse alto. Cada personagem possui um estilo próprio: há rogues envenenadores, guerreiros brutais, magos de longo alcance, monstros místicos e por aí vai. A jogabilidade muda de forma significativa com cada um deles, incentivando múltiplas abordagens e runs diferentes.

Os inimigos variam bem, com esqueletos, aranhas gigantes, ciclopes e guerreiros mitológicos brotando aos montes. A IA é básica, mas a quantidade e o ritmo com que aparecem criam um desafio constante e sufocante — exatamente o que se espera de um bom bullet heaven. Já os chefes, infelizmente, destoam. Eles aparecem de forma esporádica e trazem consigo o que talvez seja o maior problema de ritmo do jogo: são esponjas de dano. Enfrentá-los não é exatamente difícil — seus padrões são fáceis de ler e evitar — mas a quantidade absurda de vida que possuem transforma o que deveria ser um clímax em um marasmo. Um confronto com Paris, por exemplo, estendeu uma fase de 10 minutos para quase 20, quebrando a fluidez que o jogo vinha construindo até ali.

Apesar disso, o loop principal é viciante. Há uma boa quantidade de mapas, cada um com objetivos secundários, como derrotar elites, abrir baús ou permanecer em zonas perigosas por tempo determinado. Cumprir essas metas oferece recompensas valiosas e acelera o desbloqueio de conteúdos. A dificuldade pode ser ajustada, e o jogo ainda permite runs curtas de 10 minutos ou experiências completas de 20, dando flexibilidade para sessões rápidas ou maratonas mitológicas.

O jogo impressiona logo de cara com seu visual, onde reaproveita os assets de Achilles: Legends, garantindo um nível de polimento visual acima da média para o gênero. Além disso, a perspectiva de cima destaca a riqueza dos cenários, de campos devastados, florestas encantadas e ruínas esquecidas através do tempo. As animações são bem feitas e totalmente fluidas, onde são ainda mais realçadas pelos efeitos das habilidades, como relâmpagos, venenos, fogo e maldição. Apesar do grande visual e efeitos, muitas vezes o jogo sofre pequenas quedas de fps, principalmente ao se mover rapidamente pelo mapa, nada que atrapalhe a experiência ou faça você perder a run.

A trilha sonora acompanha bem o ritmo crescente das partidas. As músicas misturam instrumentos épicos com tons mais sombrios, enquanto os efeitos sonoros trazem peso para cada golpe, explosão ou ataque divino. Embora nenhuma faixa seja particularmente marcante, o áudio como um todo contribui com eficiência para a atmosfera de urgência e grandiosidade.

O mais impressionante talvez seja o custo-benefício. Por apenas R$ 39,90, Achilles: Survivor oferece dezenas de horas de conteúdo, viciante e bem construído.

Agradecimentos a Dark Point Games que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Achilles: Survivor é uma excelente variação do gênero “bullet heaven”, com identidade própria, ambientação mitológica rica e uma mecânica de construção que adiciona profundidade estratégica. Apesar de pequenos bugs e chefes pouco empolgantes, o jogo entrega uma experiência viciante, acessível e com ótimo custo-benefício. Ideal para quem busca algo familiar, mas com um toque novo.

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