O Show de Truman é um dos meus filmes favoritos, e eu sempre imaginei como aquela história poderia ser adaptada para os videogames. E minhas preces foram atendidas com o anúncio de American Arcadia para PS5! Mesmo já lançado no PC, eu nunca tinha ouvido falar do jogo — mas ele me ganhou logo no primeiro trailer.
A trama prende o jogador do início ao fim, com um enredo instigante que reflete temas extremamente atuais. A jogabilidade mistura plataforma, furtividade e quebra-cabeças, com uma estrutura que lembra muito os jogos cinematográficos.
Mas será que American Arcadia consegue te prender tanto quanto Truman foi preso em seu mundo artificial? Descubra agora em nosso review!
Em American Arcadia, acompanhamos Trevor Hills, um cidadão de uma cidade retrofuturista com estética dos anos 70. Arcadia parece perfeita — uma utopia colorida e organizada — mas, para Trevor, tudo muda quando ele descobre que sua vida está sendo televisionada em um reality show global.
Diferente de O Show de Truman, onde o foco era apenas na vida do protagonista, em American Arcadia todos os cidadãos precisam gerar audiência para continuar vivendo no conforto. Aqueles que não se destacam… são “removidos do ar”.
Essa revelação acontece quando Angela Solano, uma hacker que trabalha dentro da Walton Media (a empresa por trás do programa), entra em contato com Trevor. Angela também faz parte do grupo ativista Breakout, e busca derrubar a corporação e expor a farsa por trás de Arcadia.
O jogo se sustenta como uma sátira social poderosa, abordando temas como culto à celebridade, desumanização no ambiente de trabalho e o controle midiático sobre nossas vidas. Apesar de a trama parecer simples à primeira vista, ela se desenvolve com boas reviravoltas e personagens complexos. Trevor, por exemplo, começa como alguém completamente comum, com uma rotina monótona e vida “dispensável”. Mas sua jornada revela uma profundidade emocional que dá peso à narrativa.
Já Angela é o oposto de Trevor: inteligente, sarcástica e marcada por desilusões do passado. Ela vive com o ressentimento de ver a Walton Media se transformar de um polo criativo para uma máquina de manipulação. Essa dualidade entre os personagens gera uma química interessante e que conduz muito bem a história.
O único problema narrativo está em alguns diálogos e cenas que parecem existir apenas para encher espaço, sem trazer avanço à trama ou desenvolvimento significativo. Isso pode quebrar um pouco o ritmo em momentos que deveriam ser mais tensos.
A jogabilidade de American Arcadia é dividida entre Trevor e Angela, o que garante variedade e dinamismo ao longo da campanha.
Com Trevor, o jogo se passa em 2.5D e traz uma mistura de plataforma e furtividade. A movimentação é simples: andar, pular, arrastar objetos e interagir com botões. Ainda assim, a experiência é intensa — quase sempre estamos fugindo de agentes de segurança em sequências cinematográficas que envolvem perseguições por prédios e ruas movimentadas.
Porém, em alguns trechos, a sensação de urgência se perde por conta de momentos de calmaria ou diálogos que quebram o ritmo da fuga. Ainda assim, a ambientação retrofuturista segura bem a tensão, e a direção de arte colabora para manter o jogador imerso.
Já Angela é controlada em primeira pessoa, focada em quebra-cabeças e sessões de espionagem. Ela invade sistemas, manipula câmeras e abre caminhos para Trevor em tempo real. Os quebra-cabeças vão desde simples distrações até enigmas mais elaborados, principalmente nas partes finais.
Aqui, vale o alerta: nem todos os desafios oferecem pistas claras, o que pode gerar frustração em alguns jogadores. E, ocasionalmente, a sobreposição de falas entre personagens deixa os diálogos confusos — um problema que atinge até as legendas em português.
Mas, no geral, a dinâmica entre os dois personagens funciona muito bem, e a troca entre estilos de jogabilidade mantém o jogo fresco e instigante do começo ao fim. A presença de checkpoints frequentes e a possibilidade de revisitar cenas também ajuda a tornar a experiência mais acessível.
American Arcadia impressiona visualmente. A estética dos anos 70 aparece representada com cuidado, desde os ambientes (residenciais, corporativos e comerciais) até os figurinos dos personagens — que incluem até piadinhas sobre o bigode de Trevor.
A paleta de cores e os cenários detalhados criam uma atmosfera vibrante e imersiva, que nunca cansa os olhos. Além disso, a trilha sonora acompanha bem cada momento, indo de músicas leves e nostálgicas a tons mais sombrios em cenas de revelação ou tensão.
O trabalho de áudio também se inspira fortemente em filmes clássicos de espionagem, o que só reforça o tom satírico e cinematográfico da experiência. Ter legendas em português ajuda bastante na imersão, principalmente para não perder os trocadilhos e piadas que surgem ao longo da jornada.
No PlayStation 5, American Arcadia roda muito bem. Não enfrentei travamentos nem quedas de FPS. Os tempos de loading, embora um pouco longos para os padrões atuais, não chegam a comprometer a experiência.
Agradecimentos a Raw Fury que nos enviou o jogo para a produção do review!
CONCLUSÃO
American Arcadia é uma experiência narrativa forte, criativa e imersiva, que mistura crítica social com uma jogabilidade instigante. Sua ambientação retrô-futurista é encantadora, e a dinâmica entre os protagonistas mantém a história interessante. Apesar de alguns problemas com quebra-cabeças e diálogos mal posicionados, o jogo compensa com momentos memoráveis, ótimos visuais e temas que fazem pensar. Se você gostou de O Show de Truman, essa sátira moderna certamente vai te prender do início ao fim.
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