Review | Anger Foot – Um chute dinâmico e potente

Review | Anger Foot – Um chute dinâmico e potente

Anger Foot é um FPS diferente de tudo que já vimos, seja em seu estilo artístico ou em seu combate. Desenvolvido pela Free Lives e publicado pela Devolver Digital, o jogo nos leva a Shit City, uma metrópole grotesca e caótica, onde o Ministro do Crime comanda tudo no governo. O grande vilão é uma figura hilária, autoritária e muito caricata, que contrasta bem com o cenário urbano podre e saturado repleto de gangues e ambientes sujos. Para lidar com a podridão do governo, um herói inesperado surge: Anger Foot.

Anger Foot possui uma premissa simples e direta: sua coleção de tênis foi roubada e agora você tem motivos suficientes para acabar com a Gangue da Violência na base da bicuda. O brilho de Anger Foot é justamente não precisar de uma premissa emocional ou densa, mas sim, no seu ritmo, estilo e ação caótica.

A estrutura de níveis bem simples, onde começamos com apenas chutes e, em algumas raras ocasiões com uma arma. Com uma pegada meio Hotline Miami, onde o foco é o dinamismo para acabar com os inimigos o mais rápido possível. Devemos atravessar salas repletas de inimigos, destruindo portas, barris e chutando tudo, evitando ao máximo morrer. Mas você vai morrer, muito. Apesar das fases serem curtas, durando menos de um minutos, elas exigem memorização e reflexos rápidos. Por ter mapas já estruturados, a cada novo avanço, você decora e traça estratégias para lidar com os inimigos.

Apesar de ser rápido e dinâmico, o jogo tem alguns problemas que afetam o potencial. Primeiramente, a mira das armas é inconsistente, onde mesmo mirando nos inimigos é possível errar alvos, ou até mesmo para completar desafios de headshots, e os tiros acertarem em outros lugares. Muitas hitboxes são imprecisas, principalmente nos tiroteios, mas isso também afeta os chutes. Esses deslizes podem te levar a morrer de forma boba.

Anger Foot possui um sistema de poderes interessante e que se baseia nos tênis que estamos usando. Cada tênis possui habilidades únicas, podendo usar dashs que matam o inimigo de forma instantanea, outros que fazem armas de fogo apenas atordoas os inimigos, mas armas arremessáveis são letais e por fim é possível até mesmo ganhar uma vida extra. Essa diversidade muda a abordagem para cada fase e facilita alguns dos desafios extras que podem ser feitos, aumentando o fator replay, mesmo que de forma curta. No entanto, mesmo com 23 pares de tênis, poucos deles serão utilizados durante algumas fases, visto que suas habilidades não possuem um impacto real e grande no jogo. Sem falar que para desbloquear alguns deles, precisamos passar muita raiva em desafios extremos.

Quanto aos inimigos apresentados, a grande maioria são capangas, alguns que precisam de apenas um chute para derrotar e existem os brutamontes, que são mais resistente. À medida que avançamos em novas fases, o jogo introduz mais inimigos, tornando-os mais imprevisíveis e elevando a curva de dificuldade. Essa curva nos obriga a dominar mecânicas pouco utilizadas, principalmente para quem buscar completar todas as estrelas das fases.

No entanto, as lutas contra chefes deixam a desejar. Em contraste com os níveis comuns, que são dinâmicos e imprevisíveis, os chefes são repetitivos, baseados em padrões fáceis de decorar e com pouca criatividade mecânica — muitas vezes exigindo apenas esperar o momento certo para dar um único chute. Isso quebra o ritmo empolgante do jogo e representa uma das poucas ocasiões em que a ação parece artificialmente freada.

Anger Foot tem uma ambientação única e muito bem trabalhada. Shit City fascina e causa nojo ao mesmo tempo, com ambientes onde as cadeiras servem como privadas e NPCs que oferecem diálogos extremamente divertidos, ainda que breves. Tudo aqui é bizarro e sujo, mas cômico e caricato ao mesmo tempo. Esse tom caricato deixa o humor leve, sem exageros ou cansativo.

O áudio do jogo é um destaque, com trilha sonora agressiva inspirada em batidas de clubes noturnos holandeses que acompanha perfeitamente a ação. A música acelera durante combates e desacelera nos momentos de respiro, criando um ritmo dinâmico. Há também atenção a detalhes sonoros criativos, como o som único de cada tipo de sapato, incluindo chinelos de palha com barulho molhado e sapatos de palhaço com buzinas.

O jogo roda de forma fluida e perfeita a 60FPS no PlayStation 5. Além disso, ele aproveita totalmente os recursos do DualSense, que pulsa com a batida da música e utiliza principalmente os gatilhos adaptáveis. E claro, o jogo está totalmente em português e possui algumas opções de acessibilidade para mira.

Agradecimentos a Devolver Digital que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Anger Foot é um FPS insano, estiloso e hilário que brilha com seu ritmo frenético, ambientação grotesca e humor caricato. Apesar de falhas na mira e hitboxes imprecisas, o jogo oferece ação viciante, fases desafiadoras e uma trilha sonora pulsante que impulsiona a adrenalina. O uso criativo dos tênis e o design absurdo de Shit City tornam cada partida única. No entanto, chefes sem graça e algumas mecânicas mal aproveitadas freiam o potencial. Ainda assim, é uma experiência intensa e divertida para quem busca algo fora do comum.

Avatar de George Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *