Review | Black Myth: Wukong – Um título ambicioso, mas com problemas

Desde sua primeira aparição, Black Myth: Wukong causou alvoroço com visuais estonteantes e um combate cinematográfico digno de Hollywood. Desenvolvido pelo estúdio chinês Game Science, o título prometia ser a primeira superprodução da China a competir de igual para igual com os grandes nomes do gênero. O lançamento, felizmente, não decepciona em muitos aspectos — mas também não chega sem seus tropeços.

Visualmente arrebatador e com um combate envolvente, Wukong é uma estreia impressionante. No entanto, problemas como design de níveis falho, repetição em combates e falta de polimento técnico impedem que o jogo alcance seu potencial completo.

Inspirado na clássica obra chinesa Jornada ao Oeste, Black Myth: Wukong opta por expandir e reinterpretar esse universo mitológico em vez de apenas recontá-lo. Assumimos o papel do Destinado, um macaco guerreiro que parte em busca de seis Relíquias para reviver o lendário Sun Wukong, o Rei Macaco.

A narrativa é contada através de cutscenes lindamente animadas, combinando CGI com sequências em stop-motion e animações estilizadas que destacam a estética oriental. Apesar de familiar, a história consegue cativar ao apresentar personagens marcantes e um mundo rico em mitos e simbolismos. O enredo é dividido em seis capítulos, e entre cada um deles há um foco narrativo maior, onde o desenvolvimento da trama realmente avança.

Para quem nunca teve contato com a mitologia chinesa, esse é um excelente ponto de partida — e para os veteranos, há novas camadas a descobrir.

O combate é o coração de Black Myth: Wukong. Aqui, a influência dos Soulslike é clara, mas o jogo constrói uma identidade própria. Usando seu cajado como principal arma, o Destinado conta com ataques rápidos e pesados, esquivas precisas e uma seleção de feitiços que adicionam variedade à jogabilidade. Não há parry ou bloqueio, o que reforça o foco em esquivas e timing perfeito.

As duas posturas desbloqueáveis oferecem diferentes estilos de ataque, e as magias, embora limitadas por uma barra de mana, podem virar o rumo das lutas. É um combate direto, sem frescuras, que recompensa reflexos e paciência.

A personalização também brilha aqui. Armaduras, cajados e equipamentos possuem status e efeitos únicos, incentivando a exploração e a coleta de materiais raros para criação e melhoria.

Mas nem tudo são flores. O jogo carece de variedade real entre os inimigos, e alguns chefes, embora visualmente incríveis, apresentam padrões de ataque similares, o que torna certos confrontos previsíveis. A curva de dificuldade também sofre com picos abruptos entre capítulos, o que pode frustrar alguns jogadores — especialmente quando o desafio parece surgir mais de fatores técnicos do que de design justo.

Cada um dos seis capítulos de Black Myth apresenta biomas distintos, de selvas densas a montanhas nevadas, passando por desertos, templos e regiões místicas. É um espetáculo visual constante, com direção de arte que respeita e exalta a cultura chinesa.

Contudo, o design das áreas deixa a desejar. Apesar de o jogo sugerir um mundo semiaberto, a sensação real é de corredores amplos com algumas bifurcações. A ausência de um mapa agrava o problema, tornando a navegação confusa em áreas labirínticas e visualmente repetitivas. Barreiras invisíveis limitam o acesso a caminhos aparentemente acessíveis, o que quebra a imersão e irrita quem gosta de explorar.

A exploração é recompensadora para os mais pacientes, com chefes secretos, missões secundárias e até finais alternativos. O Novo Jogo+ adiciona conteúdo adicional e novos desafios, valorizando a rejogabilidade.

Black Myth é, sem dúvidas, um dos jogos mais bonitos desta geração. A Game Science tira máximo proveito da Unreal Engine 5, entregando cenários detalhados, iluminação cinematográfica, partículas refinadas e modelos de personagens extremamente bem trabalhados. A estética oriental é respeitada em todos os cantos, criando um mundo imersivo e cheio de identidade.

Porém, mesmo com tanta beleza, o desempenho sofre em momentos críticos. Quedas de framerate são comuns em áreas densas e principalmente durante combates contra chefes, o que pode prejudicar sua performance e até resultar em mortes frustrantes. No PS5, esses engasgos são mais frequentes do que deveriam, mesmo com patches lançados desde o lançamento.

Conclusão

Black Myth: Wukong é uma estreia ambiciosa e visualmente deslumbrante, que acerta em cheio no combate estiloso e na ambientação mitológica rica. No entanto, falhas no design de níveis, repetição de inimigos e problemas técnicos impedem que o jogo alcance a grandeza que almeja. Ainda assim, é uma obra marcante, com espaço para evoluir. Para fãs de ação e mitologia, é uma experiência imperdível.

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Uma resposta para “Review | Black Myth: Wukong – Um título ambicioso, mas com problemas”

  1. […] o oeste “ainda não acabou”. Apesar da ausência de confirmação sobre DLC ou sequência de Black Myth: Wukong, a promessa de continuação mantém viva a expectativa por novas […]

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