Review | Commandos: Origins – Um retorno tático desafiador e falho

Review | Commandos: Origins – Um retorno tático desafiador e falho

Após quase 20 anos sem novos títulos, Commandos: Origins marca o retorno da franquia tática em tempo real. A Claymore Game Studios desenvolveu o título visando resgatar a essência clássica da série e tentando modernizá-la, embora não consiga fazê-lo de forma bem-sucedida.

A narrativa conta a origem da unidade de comandos liderada por Jack O’Hara, o famoso Green Beret. A premissa inicialmente parece algo incrível, mostrar como a força de elite se formou durante a Segunda Guerra Mundial, espalhando missões por diversas áreas, como o Ártico, África do Norte e Europa Ocidental. Apesar da ambientação historicamente coerente e cenários bem detalhados, a história não consegue se manter de forma atrativa. Cada missão parece uma única história, deixando diversos pontos soltos e sem dar o devido desenvolvimento aos personagens ou seus arcos. Além disso, os diálogos apesar de funcionaram, não criam laços emocionais com os integrantes da equipe, que servem apenas como ferramentas em nossas mãos.

Quanto a jogabilidade, Commandos: Origins mantém a essência da série. Uma experiência focada em observar bem o ambiente, planejar uma estratégia e executar suas ações. Cada missão desafia o jogador a pensar como um verdadeiro comandante, seja indo para cima com tudo ou evitando o combate. Cada personagem possui uma habilidade exclusiva, que são bem utilizadas, visto que o jogo entrega situações para cada um dos personagens se destacar com seus talentos individuais. Além disso, uma das modernizações é o Command Mode, onde o tempo é parado para que possamos coordenar ações simultânea entre os personagens. Outro ponto importante é que agora é possível jogar cooperativamente no modo local ou online.

Quanto aos mapas, o jogo se destaca com cenários amplos e diversificados, com uma boa variedade de biomas e rotas. Infelizmente a verticalidade dos mapas são bem confusas em certos momentos, não representando de forma assertiva a topografia de cada lugar. Há também diversos colecionáveis escondidos e objetivos secundários que dão recompensas extras aos jogadores, como informativos que aumentam a lore do jogo. No entanto, a dificuldade é um ponto fora da curva aqui, até mesmo no modo fácil, onde pequenos erros custam a falha da missão. Em certos momentos chega a ser frustrante, não pela derrota em sim, mas por conta da demora para carregar o save.

Tecnicamente, o jogo sofre com problemas pontuais que atrapalham a experiência. Muitas vezes podemos ser localizados pelo inimigo sem estar em seu campo de visão, algo muito inconsistente. A interface para os consoles foi bem organizada, mas muitas vezes falha na seleção precisa, principalmente quando os inimigos estão muitos próximos. Além disso, o jogo sofre com problemas visuais enquanto rotacionamos a câmera, colisões invisíveis e tempos de carregamento demorados.

Graficamente, Commandos: Origins apresenta um trabalho sólido, mas sem brilho. As texturas são nítidas e o uso da Unreal Engine 5 oferece uma iluminação convincente, mas as animações — especialmente de veículos e transições de ações — são simplistas e pouco polidas. A direção artística mantém um tom conservador, sem grandes ousadias. O design sonoro acompanha essa linha: os efeitos ambientais são imersivos em certos momentos, mas a trilha sonora orquestral carece de identidade e impacto emocional.

Agradecimentos a Kalypso Media que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Commandos: Origins, no fim das contas, é um retorno respeitoso e ambicioso a uma fórmula que continua funcionando quando bem executada. Ele oferece uma experiência tática rica e exigente para quem aprecia esse estilo, com mapas bem construídos e mecânicas que recompensam a paciência e o planejamento. Porém, o jogo tropeça em aspectos técnicos e narrativos que o impedem de atingir todo seu potencial. Ainda assim, é um título recomendável para os fãs de longa data da série e entusiastas do gênero, desde que estejam dispostos a tolerar algumas arestas.

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