Review | Extremely Powerful Capybaras – Caótico, charmoso e limitado

Capivaras estilosas, poderes absurdos e uma pancadaria de respeito. Extremely Powerful Capybaras já chega mostrando a que veio: um jogo caótico e com foco na cooperação, feito sob medida pra quem curte se perder em explosões de cores, barulhos e inimigos voando pra todo lado — tudo isso com capivaras carismáticas no centro da bagunça.

A proposta é simples e direta: até quatro jogadores locais enfrentando ondas de inimigos em arenas pequenas e frenéticas. Cada partida dura cerca de 15 minutos (ou menos, caso a morte chegue antes), e o objetivo é resistir o máximo possível, eliminar tudo que se move e derrotar o chefão no final.

Logo de cara, o que mais chama atenção é o visual. O estilo cartunesco é uma delícia, com animações fluídas e cores vibrantes que parecem ter saído direto de um desenho animado de sábado de manhã. As capivaras têm personalidade, os inimigos são criativos e os cenários, embora limitados, seguram bem o tranco visual. A apresentação acerta em cheio no carisma.

A jogabilidade segue a cartilha clássica do gênero bullet heaven: você se movimenta com o analógico, ataca automaticamente, coleta XP dos inimigos derrotados, sobe de nível e escolhe melhorias — que podem ser armas ativas ou bônus passivos. A fórmula funciona, especialmente quando a tela começa a encher de projéteis e explosões… mas leva um tempo pra engrenar.

E aí mora o problema: o jogo só começa a ficar realmente divertido nos minutos finais, quando todas as habilidades já foram maximizadas. Até lá, o ritmo é lento, as armas são meio repetitivas e a sensação de poder prometida no título parece sempre adiada. O começo de cada partida é quase um ritual de paciência.

O balanceamento também tropeça. Tem habilidades passivas que são praticamente inúteis, outras que você só entende direito depois de usar umas dez vezes. E o sistema de sinergias — onde combinações de armas e bônus geram efeitos especiais — até existe, mas é tão mal explicado que parece mais um segredo do jogo do que uma mecânica.

Aliás, falta muita explicação em quase tudo. A interface no hub principal é confusa, cheia de NPCs que falam sobre moedas, estátuas ou desafios sem deixar claro o que fazer com nada disso. Além disso, a navegação é feita com um cursor desconfortável, mesmo em consoles, e desbloquear novas habilidades envolve lembrar de conversar com o NPC certo, na hora certa. Uma simples linha de texto resolveria boa parte da frustração.

As arenas — só quatro até o momento — são parecidas demais entre si. Todas têm layouts apertados, que acabam forçando o jogador a apostar sempre em ataques de área. A consequência disso é uma redução na variedade tática das partidas. Depois de algumas rodadas, a sensação de repetição já começa a aparecer.

Fora das partidas, o jogador usa créditos acumulados para desbloquear upgrades permanentes, cosméticos ou novas classes. No papel, parece ótimo. Na prática, cria um vício de melhorar sempre as mesmas habilidades, tornando mais difícil sair da zona de conforto e testar coisas novas. A progressão acaba se engessando com o tempo.

Ainda assim, quando você senta no sofá com três amigos, algo muda. O modo multiplayer local é onde o jogo brilha de verdade. Testar builds diferentes em grupo dá uma sobrevida boa ao conteúdo limitado — embora mesmo assim, depois de algumas horas, a sensação de “já vi tudo” comece a aparecer.

O modo desafio, que permite ativar modificadores pra aumentar a dificuldade em troca de recompensas melhores, é uma boa ideia… mas de novo, mal explicada. Tudo funciona meio no “descubra sozinho”, o que dá uma curva de aprendizado desnecessariamente íngreme. E não por ser complexo — mas porque o jogo não se dá ao trabalho de explicar o básico.

Pelo menos, a performance é sólida. Mesmo com dezenas de inimigos na tela, explosões e partículas voando, o jogo roda lisinho, sem quedas de FPS. O visual segue sendo um dos maiores trunfos: cores vivas, animações expressivas e um estilo que faz você sorrir mesmo quando está sendo cercado por inimigos. As capivaras são um charme à parte.

Agradecimentos a PM Studios que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Extremely Powerful Capybaras tem charme de sobra e um potencial inegável — especialmente como jogo casual e cooperativo local. A arte cativa, o humor é leve, e o loop básico de gameplay entrega diversão por algumas horas. No entanto, comparado aos titãs do gênero, falta profundidade, clareza nas mecânicas e variedade suficiente para prender por muito tempo.

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