Gex Trilogy resgata um dos mascotes mais carismáticos dos anos 90, com todas as referências pop e piadas da época, para a geração atual. O título utiliza a Carbon Egine, o mesmo usado na reedição de Tomba! Special Edition e reúne Gex (1995), Gex: Enter the Gecko (1998) e Gex 3: Deep Cover Gecko (1999), em versões com melhorias técnicas que facilitam a vida do jogador moderno.
O primeiro jogo da trilogia é um side-scroller 2D simples, com visuais detalhados e humor ácido, que se destacou em sua época. Mesmo atualmente, o jogo continua divertido, incentivando os jogadores a explorar as fases em busca de controles escondidos, que desbloqueiam novas áreas. Apesar da estrutura linear, o jogo funciona bem, mesmo pecando na repetição dos design das fases. Os controles são simples e precisos, onde andamos, pulamos e utilizamos a mecânica de grudar nas paredes, aproveitando a natureza de lagarto do protagonista.
No entanto, é no segundo título, Enter the Gecko que a franquia dá um salto absurdo de qualidade e se torna marcante. O jogo possui grande inspiração em jogos 3D da época, como Super Mario 64, levando Gex a se aventurar pela primeira vez em um território 3D com um hub central que dá acesso a fases temáticas que são cheias de referências da cultura pop dos anos 80 e 90.
No entanto, o grande destaque é seu humor e piadas, dubladas por Dana Gould (Leslie Philips a versão europeia foi adicionada também via atualização). O humor do jogo é uma grande variável, indo de muito engraçadas a forçadas em pouco tempo. Quanto a jogabilidade, o segundo título melhora em muito o design das fases, agora devemos derrotar chefes, coletar itens, destruir objetos e encontrar ainda mais controles. A cada novo objetivo concluído, o jogador é ejetado da fase e precisa voltar à ela para que possa concluir os demais objetivos, algo datado, mas que era muito funcional para a época.
Apesar da melhora em relação ao anterior, Gex 3: Deep Cover Gecko apresenta evoluções pontuais, com boas melhorias, mas sem trazer inovações significativas. O título expande tudo que funcionava no segundo jogo, adicionando minigames, novos colecionáveis como as Paw Coins, e mecânicas como as Boss Keys e Bonus Coins, que mantém a progressão mais interessante. No entanto, a estrutura básica é a mesma, gerando uma certa fadiga se jogar em sequência após o segundo jogo. Além disso, a câmera, se mantém sendo um grande problema, algo que nem mesmo o suporte analógico e a melhoria widescreen resolveram.
Do ponto de vista técnico, a coleção faz um trabalho excepcional ao atualizar os visuais sem comprometer a essência original. Além disso, todos os jogos contam com filtro CRT, proporção 16:9, resolução escalável, save state e a opção de rebobinar a gameplay. Essas melhorias de qualidade de vida tornam a experiência mais acessível, especialmente para quem está conhecendo Gex pela primeira vez e não tem a paciência dos jogadores dos anos 90.
Embora os dois jogos em 3D tenham envelhecido, seu charme, humor bizarro e designs exagerados ainda cativam jogadores nostálgicos. Os inimigos e chefes, no entanto, são pouco inspirados. Há uma escassez notável de variedade, e os combates são simplistas e, muitas vezes, esquecíveis. Isso destoa um pouco da criatividade presente no restante do design de fases, especialmente nos momentos em que o jogo arrisca: fases com gravidade alterada, labirintos, puzzles e até segmentos que remetem diretamente a Indiana Jones.
A cereja do bolo da coletânea está nos extras. Além de uma entrevista com Dana Gould, há protótipos do cancelado Gex Jr., trilhas sonoras completas, comerciais antigos, artes conceituais e manuais digitalizados. É um conteúdo bônus robusto que mostra o carinho com que a coletânea foi montada. Pode não ser uma reimaginação completa como alguns fãs gostariam, mas é, sem dúvida, uma preservação respeitosa da trilogia original.
Agradecimentos a Limited Run Games que nos enviou o jogo para a produção do review!
Conclusão
Gex Trilogy é uma coletânea nostálgica e bem cuidada, que celebra um mascote irreverente dos anos 90 com fidelidade e carinho. As melhorias técnicas, como saves instantâneos e suporte a widescreen, tornam a experiência mais amigável ao público moderno, enquanto os extras reforçam seu valor como peça de preservação histórica. Apesar do envelhecimento de alguns elementos — especialmente nos jogos 3D —, o charme, humor e criatividade ainda garantem uma boa dose de diversão.
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