Review | Pipistrello and the Cursed Yoyo – Uma joia brasileira que mistura nostalgia e inovação

Review | Pipistrello and the Cursed Yoyo – Uma joia brasileira que mistura nostalgia e inovação

Pipistrello and the Cursed Yoyo é uma joia rara em meio a tantos jogos saindo. O jogo que chegou recentemente ao PS5 combina nostalgia e inovação, sendo uma grande homenagem a clássicos da era 2D, mas propondo aspectos autênticos. A aventura acompanha Pippit, um morcego que aspira ser um grande artista do ioiô, mas que acaba envolvido em uma grande trama.

Após se reencontrar com sua tia rica, Madame Pipistrello, ela acaba sendo aprisionada em um ioiô mágico do nosso protagonista. Apesar de parecer uma premissa simples e engraçada, ela se desdobra de forma que faz críticas pontuais ao poder econômico e desigualdade social. A trama possui diversas camadas, indo de pontos cômicos até tensões emocionais que prendem o jogador. Em momento algum a trama se torna cansativa ou arrastada, além de conseguir tratar temas sério com sabedoria e de forma tocante.

Apesar da narrativa ser um grande ponto do jogo, o grande diferencial dele é sua jogabilidade. Pipistrello foca toda sua jogabilidade no ioiô, que pode ser utilizado no combate e para locomoção e resolução de quebra-cabeças. Além disso, ele possui uma movimentação baseada em ricochetes, rebotes e manipulação de cenários, oferecendo algo dinâmico e que instiga os jogadores à tentativa e erro.

Com o ioiô sendo o grande foco do jogo, no decorrer do jogo desbloqueamos diversas habilidades, fazendo com que nosso apetrecho possa ser utilizado para diversas funções. Com o desbloqueio de habilidades podemos alcançar novos lugares, como atravessar água, rebater em ângulos para alcançar tesouros e áreas escondidas ou deslizar em paredes. O jogo consegue sempre inovar com sua funcionalidade, encontrando novas formas de fazer o jogador explorar suas áreas.

No entanto, essa exaustão de mecânicas pode se tornar confusa com o decorrer do tempo, fazendo que fiquemos confusos sobre qual solução é apropriada para certo desafio. Isso acontece porque em diversos momentos não temos uma sinalização exata do que podemos fazer, tornando-se bem frustrante às vezes. Isso se torna ainda mais nítido em momentos de combate ou plataforma que a dificuldade aumenta abruptamente.

Apesar dos problemas, a acessibilidade do jogo ajuda demais em certos momentos, removendo penalidades como dano por queda, mostrando a preocupação dos desenvolvedores em manterem a experiência divertida em momentos mais difíceis.

A estrutura do mundo e toda sua ambientação tornam a imersão ao mundo ainda melhor, com um cenário urbano decadente, com ruas residenciais e comerciais, estádios e bairros industriais. O estilo visual de pixel art é único e detalhados, homenageando grandes consoles e jogos do passado, como o Game Boy Advance. Cada nova área explorada tem uma identidade própria e contribui para a sensação de descoberta em toda jornada. Além disso, o mapa é intuitivo, onde marca o ponto de interesse automaticamente. Enquanto os quebra-cabeças espalhados pelo mundo incentivam o jogador a usar sua criatividade, mas principalmente dominar as técnicas do ioiô, oferecendo upgrades e colecionáveis como recompensa.

Falando em upgrades, o sistema de progressão também não é nada convencional. Diferente das árvores de habilidades que estamos acostumados, aqui nos criamos uma pequena “dívida”, onde você sofre uma penalidade até conseguir pagar pelo custo. Esse sistema diferente, entra justamente nas críticas sociais que o jogo aborda, como a ganância. Infelizmente, o sistema é falho, assim como o capitalismo – hahahaha – aqui não podemos utilizar nossas moedas já acumuladas para pagar a dívida, precisando farmar novas para isso. Além disso, temos o sistema de badges que permite uma customização que afeta o combate e exploração, fazendo com que o jogador experimente diversas combinações.

Mesmo com algumas mecânicas que exigem paciência, a sensação predominante é a de estar diante de um jogo apaixonadamente construído. As missões secundárias são simples, mas eficazes em expandir o mundo e recompensar a curiosidade do jogador. Após terminar a campanha, é natural querer voltar ao mundo para encontrar segredos, derrotar chefes opcionais ou completar desafios escondidos.

O desempenho técnico no PS5 é impecável, com tempos de carregamento quase inexistentes, taxa de quadros estável e resposta rápida nos controles. O uso do DualSense é discreto, mas adiciona imersão em certos momentos.

Por fim, quero destacar que é um jogo desenvolvido por brasileiros!! O estúdio Pocket Trap é responsável por essa obra maravilhosa e merece todo o reconhecimento possível, então apoiem o cenário nacional de games e deem uma chance à Pipistrello e seu ioiô!

Agradecimentos ao PM Studios que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Pipistrello and the Cursed Yoyo é uma joia rara no meio de uma indústria cada vez mais dominada por grandes produções. Ele tem falhas pontuais, especialmente em sua estrutura de progressão, mas compensa com uma avalanche de criatividade, charme e personalidade. A forma como mistura crítica social, mecânicas engenhosas e visual retrô moderno faz dele um dos jogos independentes mais marcantes do ano. É um título que merece ser jogado, discutido e celebrado — porque, entre saltos de ioiô e puzzles engenhosos, ele prova que ainda há espaço para o novo dentro do familiar.

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