Review – PS5 | Indiana Jones e o Grande Círculo: O Chicote, o Chapéu e a Nova Jornada

Review – PS5 | Indiana Jones e o Grande Círculo: O Chicote, o Chapéu e a Nova Jornada

Amantes de filmes dos anos 80 vivem uma verdadeira era de ouro nos consoles. Jogos baseados em clássicos como RoboCop, Karatê Kid e outras franquias têm ressurgido com força, renovando suas histórias para novos públicos. No entanto, nenhum deles conseguiu capturar tão bem a essência de sua obra original quanto Indiana Jones e o Grande Círculo.

A MachineGames entregou uma experiência que não só homenageia os fãs veteranos como também serve como uma excelente porta de entrada para novatos. Como fã de história, arqueologia e, claro, de Indiana Jones, fiquei completamente imerso nesta aventura, seja encontrando artefatos perdidos ou descendo a porrada em fascistas.

A narrativa se passa logo após Os Caçadores da Arca Perdida e já começa com um mistério: um roubo inusitado na universidade onde Indy leciona. Um monge de proporções assustadoras invade o museu do campus e foge com uma relíquia peculiar — um gato mumificado. Esse evento desencadeia uma jornada global repleta de conspirações envolvendo o Vaticano, nazistas e artefatos místicos. A história gira em torno da teoria do “Grande Círculo”, uma rede misteriosa de locais sagrados espalhados pelo mundo, interligados por significados históricos e sobrenaturais.

Essa jornada leva Indiana a cenários visualmente impressionantes como a Cidade do Vaticano, o deserto egípcio e as florestas da Tailândia. Nesses ambientes, ele desvenda segredos antigos e enfrenta os planos de Emmerich Voss, um brilhante e cruel arqueólogo nazista que busca o mesmo conhecimento, mas com intenções sombrias. Ao lado de Indy, surge Gina, uma jornalista italiana determinada a encontrar sua irmã desaparecida. Ela é uma parceira inteligente e emotiva, que acrescenta profundidade à narrativa e cria uma dinâmica interessante com o protagonista. A relação entre os personagens, seja por meio de missões principais ou secundárias, é bem desenvolvida, ajudando a tornar o mundo mais vivo e conectado.

Ao contrário de jogos como Uncharted e Tomb Raider, O Grande Círculo foca menos em tiroteios estilizados e mais em exploração, história e resolução de puzzles. Indy não é um super-herói: ele sofre para escalar, não domina artes marciais e depende da sua inteligência e improviso. A câmera em primeira pessoa — inicialmente criticada por parte do público — funciona surpreendentemente bem, acentuando a imersão e aproximando o jogador da experiência de ser Indiana Jones. A jogabilidade favorece a observação, interpretação de inscrições antigas, desativação de armadilhas e resolução de enigmas, em vez de combates constantes.

O combate, aliás, é um dos pontos mais fracos do jogo. Embora funcional, carece de refinamento. As lutas corpo a corpo são pouco impactantes e os tiroteios têm uma mira instável, com pouca personalidade. Os momentos em que o combate se torna obrigatório, especialmente nas lutas contra chefes, soam forçados e quebram o ritmo da narrativa. A inteligência artificial dos inimigos também deixa a desejar, sendo por vezes previsível ou facilmente explorável, o que compromete tanto a furtividade quanto os confrontos diretos.

Ainda assim, o uso criativo do ambiente compensa essas falhas. O chicote, símbolo icônico do personagem, é utilizado de maneira inteligente tanto em combate quanto na exploração, permitindo travessias e desarmes de inimigos. Armas improvisadas, como garrafas e até um mata-moscas, reforçam o caráter artesanal do gameplay. As armas de fogo estão disponíveis, mas o jogo permite — e até incentiva — que a maior parte da aventura seja vivida sem disparar uma bala sequer.

O sistema de progressão é outro destaque. Em vez de árvores de habilidades convencionais, o jogador deve encontrar livros escondidos nos cenários para adquirir pontos e desbloquear melhorias em resistência, combate ou furtividade. Essa escolha favorece a exploração e recompensa o jogador curioso. Os cenários semiabertos são projetados com inteligência: cada local, como o Vaticano ou as Pirâmides de Gizé, está repleto de passagens secretas, caminhos alternativos e salas escondidas, sempre com algo valioso à espreita.

A ambientação é rica e detalhada, e a narrativa se integra perfeitamente ao level design. A introdução de missões secundárias acontece de forma orgânica, surgindo durante a exploração e se conectando com a história principal. Esses objetivos extras não são meros “enchedores”, mas expandem o universo do jogo e aprofundam personagens e eventos. Os coletáveis também vão além do decorativo: livros, artefatos históricos e notas revelam mais sobre os planos dos nazistas, os mistérios do Grande Círculo e as nuances do mundo ao redor.

Visualmente, o jogo impressiona, mesmo no PS5 padrão. Os ambientes variam entre selvas densas, túneis claustrofóbicos e templos antigos, todos com excelente direção de arte. As animações faciais são boas na maior parte do tempo, embora alguns personagens secundários apresentem expressões um tanto estranhas. O desempenho técnico é sólido, com carregamentos rápidos e taxa de quadros estável. A trilha sonora é um espetáculo à parte, mesclando os clássicos de John Williams com novas composições que mantêm o tom aventureiro da franquia. Os efeitos sonoros e as atuações vocais, em especial a performance de Troy Baker como Indy — que evita imitar Harrison Ford, mas mantém o espírito do personagem —, contribuem para uma experiência cinematográfica imersiva.

Há, no entanto, momentos em que a navegação nos cenários pode se tornar frustrante. Algumas áreas carecem de sinalização clara, especialmente em puzzles mais complexos, o que pode gerar confusão desnecessária. Ainda assim, esses tropeços não comprometem o todo, que é uma experiência envolvente e memorável.

Conclusão

Indiana Jones e o Grande Círculo é uma carta de amor à franquia, unindo exploração significativa, narrativa envolvente e ambientação impecável. Com escolhas criativas no design de jogo e respeito profundo pelo legado da série, ele se estabelece não apenas como um ótimo jogo de aventura, mas também como uma das melhores adaptações de cinema para os videogames.

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