Revenge of the Savage Planet apresenta uma história simples, maluca e extremamente divertida. O jogo se passa em um planeta alienígena, onde nossa nave cai logo no início da aventura. Descobrimos então que fomos demitidos pela Kindred Aerospace — uma empresa responsável por um programa de exploração interplanetária — e que talvez alguém venha nos resgatar… algum dia. A partir desse ponto, devemos explorar o planeta para sobreviver, criar equipamentos e então partir para outro planeta.
Cada planeta possui biomas únicos com diversos recursos, mas principalmente criaturas esquisitas. Apesar da simplicidade da história, o jogo apresenta muitas informações através de dados coletados e interações com um sistema de IA extremamente cínico e bem-humorado. Essa premissa simples se une ao tom humorístico e à ambientação, tornando a experiência divertida e com uma personalidade única.
Grande parte do humor gira em torno de críticas ácidas e debochadas às grandes corporações, especialmente por meio da irreverente atuação da Kindred. Esse humor é reforçado por diversos momentos, como diálogos entre a IA e nosso personagem, vídeos live-action de nossos ex-chefes e comerciais extremamente estranhos.
Revenge of the Savage Planet aproveita tudo que havia de bom em Journey of the Savage Planet e aprimora ainda mais. Oferece uma experiência mais refinada, mantendo o foco na exploração, combate, criação de equipamentos e uma progressão que remete ao estilo Metroidvania. Uma das grandes melhorias é a mudança para a câmera em terceira pessoa, que melhora a percepção do espaço e realça o visual de cada planeta.
Como em um bom Metroidvania, a exploração é o ponto central do jogo. Desde que acordamos após a queda da nave, é necessário vasculhar, derrotar inimigos, quebrar pedras e plantas para coletar materiais e ganhar novas habilidades, como o pulo duplo. Cada planeta é repleto de materiais e criaturas exóticas, exigindo preparação e habilidades específicas para acessar certas áreas. Essa estrutura faz com que o jogador retorne a áreas bloqueadas anteriormente após adquirir novos equipamentos.
O sistema de criação de itens complementa a exploração. Coletamos recursos como materiais orgânicos, alumínio e itens dropados por criaturas para fabricar e aprimorar equipamentos. É possível escanear cada canto ou criatura para descobrir que materiais podem ser obtidos. Durante a jornada, encontramos baús secretos e itens de upgrade que melhoram nossa vida ou munição.
A progressão é consistente e recompensadora. Explorar novas áreas não se torna cansativo, pois sabemos que no final seremos recompensados com habilidades, itens ou upgrades que permitem acessar locais antes inacessíveis.
O combate, apesar de simples, é divertido e caótico. Nos primeiros minutos, contamos apenas com os punhos, mas logo adquirimos uma pistola básica. O jogo oferece um arsenal variado e ferramentas interessantes, como granadas de isca que fazem inimigos se atacarem, sprays de eletricidade e garfos que transformam objetos metálicos em projéteis. A grande variedade de criaturas, desde insetos pequenos e irritantes até monstros que exigem estratégia e movimentação ágil, torna o combate dinâmico e imprevisível, especialmente com inimigos surgindo em ondas.
Além disso, jogar de forma cooperativa, seja local ou online, aumenta ainda mais a diversão. Aventurar-se com dois personagens atrapalhados coletando recursos e derrotando inimigos reforça o humor e o caos do jogo. Embora seja possível jogar sozinho, o multiplayer amplifica a experiência.
O humor é, sem dúvida, o ponto mais cativante e marcante de Revenge of the Savage Planet. Com um tom sarcástico e críticas à cultura corporativa, o jogo relembra colapsos de grandes empresas, como o Google Stadia. A interação com personagens ocorre principalmente por vídeos cômicos e diálogos automáticos, simples, mas que mantêm a narrativa irreverente e nonsense. Missões secundárias seguem a mesma linha de humor e variedade, incluindo capturar criaturas exóticas, tirar selfies em locais inusitados e decorar a base com objetos extravagantes adquiridos com moeda corporativa. Essas atividades extras aprofundam a exploração e mantêm o clima leve e criativo, especialmente no modo cooperativo, onde caos e piadas se multiplicam.
Visualmente, o jogo mantém o estilo cartunesco do original, com mundos alienígenas repletos de cores saturadas, criaturas extravagantes e ambientações psicodélicas. A câmera em terceira pessoa realça detalhes do ambiente e do personagem, proporcionando uma navegação mais fluida. A direção de arte é um destaque, influenciada por ficção científica com humor ácido, estranheza e charme excêntrico. Cada planeta apresenta seu bioma único — florestas tropicais, regiões geladas e desertos áridos —, todos com texturas de qualidade e paletas de cores pensadas para transmitir diversidade e estimular o caos.
Os efeitos sonoros são caricatos, reforçando o tom satírico, enquanto a trilha sonora é discreta, funcionando bem como ambientação, ficando mais enérgica durante combates. As cutscenes em live-action adicionam charme ao humor do jogo.
Quanto ao desempenho, Revenge of the Savage Planet roda sólido no PlayStation 5, a 30fps, com tempos de carregamento curtos e poucas falhas técnicas. A performance é consistente, mesmo em ambientes densos ou combates caóticos.
Porém, apesar das várias melhorias e do brilho geral, o jogo apresenta alguns problemas que prejudicam a experiência. Um dos pontos mais baixos são as missões secundárias, que se tornam repetitivas e superficiais ao longo da jornada, limitando-se muitas vezes a capturar criaturas ou encontrar itens. Além disso, o jogo sobrecarrega o jogador com muitos objetivos a cada novo planeta, dificultando o foco e a sensação de progresso em cada missão.
A IA dos inimigos também apresenta inconsistências: enquanto alguns monstros exigem estratégia e agilidade, muitos são apenas irritantes, como pequenos insetos, sem representar desafio real. Esses problemas não tiram o charme do jogo, mas podem frustrar em certos momentos.
Agradecimentos a Raccoon Logic Studios Inc. que nos enviou o jogo para a produção do review.
Revenge of the Savage Planet é uma sequência que supera seu antecessor ao refinar todos os seus elementos centrais. Com muito humor ácido, exploração recompensadora e combate caoticamente divertido, o jogo entrega uma experiência única e criativa. Sua estética exagerada e direção de arte excêntrica elevam ainda mais o charme. Apesar de alguns tropeços, como missões secundárias repetitivas e excesso de objetivos, o título não perde seu brilho. Ideal para quem busca diversão com personalidade, sátira e uma boa dose de caos intergaláctico.
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