Após o sucesso estrondoso de Streets of Rage 4, a Lizardcube retorna com mais um projeto de peso — Shinobi: Art of Vengeance, uma reinvenção moderna da clássica franquia da SEGA. Combinando combate preciso, visual deslumbrante e uma estrutura que bebe da fonte dos Metroidvanias, o jogo é uma verdadeira carta de amor aos fãs da era 16-bit, mas também uma porta de entrada brutalmente estilosa para novos jogadores.
A trama é simples, mas funcional: Joe Musashi, lendário guerreiro do Clã Oboro, vive seus dias em paz como protetor de sua vila — até que uma organização paramilitar, a ENE Corp, ataca com tecnologia de ponta e… demônios. No momento em que Joe está prestes a se tornar pai, ele é puxado de volta à guerra em uma jornada de vingança, honra e sangue.
A história funciona como um soft reboot da franquia e mantém o protagonista como uma figura silenciosa e enigmática. Os eventos são apresentados por meio de ilustrações belíssimas e voice acting competente, disponíveis em inglês e japonês. Apesar de não ser o foco central, a narrativa se encaixa bem no ritmo da aventura e serve como pano de fundo para o que realmente importa: a ação.
O grande destaque de Shinobi: Art of Vengeance está no seu sistema de combate. O jogo é um platformer 2D com DNA clássico, mas que abraça uma profundidade mecânica moderna. Joe começa com ataques básicos e esquivas, mas logo desbloqueia contra-ataques, parries e uma série de habilidades ninjas que transformam cada luta em um verdadeiro espetáculo tático.
As habilidades especiais se dividem entre Ninjutsus — golpes devastadores que limpam a tela em momentos de aperto — e Ninpos, que oferecem alternativas ofensivas e defensivas, como escudos, curas e ataques elementais de fogo, gelo e eletricidade. A gestão da barra de energia que alimenta essas técnicas exige estratégia e timing.
O jogo também permite montar builds personalizadas com amuletos e habilidades passivas. Isso amplia as possibilidades e permite focar em estilos distintos — seja priorizando dano crítico, velocidade ou resistência. O parry, por exemplo, além de bloquear ataques, abre janelas para contra-ataques letais, sendo essencial em confrontos mais avançados.
O combate é rápido, fluido e brutal. Inimigos podem ser arremessados para o alto e mantidos no ar com sequências de golpes, recompensando domínio técnico e criatividade. À medida que o jogo avança, os inimigos apresentam padrões complexos, forçando o uso inteligente de cada recurso disponível.
Apesar das fases seguirem uma estrutura linear, Art of Vengeance incorpora elementos clássicos de Metroidvania, especialmente com os Ningis — habilidades permanentes que desbloqueiam novas formas de locomoção. Com o tempo, Joe adquire um gancho para escalada, garras para escalar paredes e até um planador, que interage com o vento para ampliar a exploração.
Essas habilidades incentivam o backtracking e a busca por áreas secretas. Um dos colecionáveis mais importantes são as Relíquias Oboro, usadas para desbloquear novas habilidades em lojas espalhadas pelo jogo.
Além disso, o jogo introduz os Desafios Ankou — arenas opcionais com ondas de inimigos desafiadores. Vencê-las garante recompensas valiosas, mas exige domínio absoluto das mecânicas de combate. Também há salas secretas, itens escondidos e um chefe secreto, acessível apenas após coletar seis chaves especiais, recompensando os jogadores mais exploradores.
No entanto, o jogo tem seus pontos de frustração. Algumas fases usam armadilhas de morte instantânea com pouca margem de erro, o que pode causar frustração. Os Desafios Ankou e certas áreas de plataforma exigem alto nível de precisão e paciência — o que pode ser cansativo em sessões longas.
Os confrontos com chefes são um dos pontos altos da experiência. Cada batalha traz padrões únicos, arenas criativas e exige domínio total das habilidades de Joe. Os chefes são visualmente impressionantes e desafiadores, mantendo a tensão alta do começo ao fim. O chefe secreto, mencionado anteriormente, é um desafio extra para quem busca 100% do jogo — e uma das batalhas mais intensas do jogo.
Além do modo história, Shinobi: Art of Vengeance oferece uma boa variedade de modos que garantem um alto valor de rejogabilidade. Para quem busca desafio e precisão, o Modo Arcade permite rejogar qualquer fase em busca de pontuação máxima — perfeito para speedrunners. Já o Boss Rush reúne todos os chefes em sequência, sem pausa, exigindo habilidade, memória e reflexos rápidos.
Visualmente, o jogo é um espetáculo. Esqueça o pixel art tradicional — aqui, tudo é desenhado à mão com um estilo que mescla arte tradicional japonesa e um toque moderno. O resultado é uma estética viva, marcante e cheia de personalidade.
As fases são ricas em detalhes, passando por cidades chuvosas, festivais iluminados e templos antigos. As animações são fluidas e cada movimento de Joe — de ataques a esquivas — é carregado de impacto visual. Até as telas de final de fase parecem papéis de parede.
A trilha sonora também merece destaque. Composta por Yuzo Koshiro (veterano da série) e Tee Lopes (Sonic Mania), as músicas mesclam EDM com instrumentos japoneses tradicionais, criando uma identidade sonora única. A trilha embala cada combate com energia e estilo. Enquanto os efeitos sonoros são bem trabalhados, dando peso a cada golpe, esquiva e habilidade usada. Tudo soa nítido e satisfatório, reforçando a sensação de impacto durante as lutas.
No aspecto técnico, Shinobi: Art of Vengeance roda com desempenho estável nas plataformas atuais. Os tempos de carregamento são curtos, e o frame rate se mantém constante, mesmo em cenas caóticas cheias de efeitos visuais.
Agradecimentos a SEGA que nos enviou o jogo para a produção do review!
Conclusão
Shinobi: Art of Vengeance é um retorno glorioso para uma franquia que há muito tempo clamava por uma nova chance. Com um sistema de combate afiado, exploração envolvente, gráficos deslumbrantes e uma trilha sonora memorável, o jogo acerta em praticamente todos os aspectos que se propõe. É um exemplo perfeito de como revitalizar uma série clássica sem perder sua essência — ao mesmo tempo em que a eleva para os padrões modernos.
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