Review | Vessels of Decay – Potencial perdido em meio a tantos problemas

Vessels of Decay nos transporta para um mundo pós-apocalíptico onde a natureza e a mitologia nórdica se entrelaçam de forma atmosférica e sombria. Acompanhamos as irmãs Freja e Mud, que lutam para trazer sua mãe de volta à vida em meio à devastação causada por antigas divindades, os “Vessels of Decay”. A premissa é poderosa, e o pano de fundo mitológico promete uma narrativa emocionante e densa. Contudo, apesar de um conceito rico, a execução apresenta falhas que comprometem a experiência.

A história inicia com um mistério envolvente, combinando elementos de folclore escandinavo — visíveis em inscrições, placas e rituais — que enriquecem a ambientação com autenticidade e profundidade. No entanto, à medida que avançamos, o enredo perde força.

Os diálogos são curtos e simplificados, limitando a construção emocional das personagens. As interações entre Freja e Mud são breves, e os personagens secundários quase não aparecem, o que reduz o impacto dramático da jornada. Além disso, a mitologia, embora promissora, é mais sugerida do que explorada, com a narrativa apoiando-se excessivamente em textos vagos e longos silêncios.

Essa falta de aprofundamento faz com que o interesse narrativo caia ao longo do jogo, deixando a sensação de que uma história com tanto potencial poderia ter sido muito mais memorável.

Freja e Mud trazem estilos de luta distintos, com habilidades que se complementam tanto no combate quanto na exploração. O recurso de Freja absorver o poder de inimigos derrotados adiciona uma camada estratégica interessante, e a árvore de habilidades permite personalização em resistência, velocidade e ataques especiais, dando uma boa sensação de evolução.

Porém, o combate sofre com uma série de problemas técnicos e de design. A presença da barra de stamina, que limita ataques, bloqueios e esquivas, torna os confrontos truncados e menos fluidos do que o esperado. A baixa responsividade dos controles prejudica o ritmo, fazendo com que as batalhas pareçam lentas e pouco dinâmicas.

Além disso, os inimigos apresentam pouca variedade e raramente oferecem um desafio real, o que torna o combate repetitivo. A dificuldade morna das lutas não é compensada pela diversidade de habilidades.

Batalhas contra chefes, como o gigante javali, tinham tudo para ser os pontos altos do jogo, mas problemas graves acabam prejudicando esses encontros. Hitboxes inconsistentes fazem com que ataques nem sempre acertem ou causem dano, a câmera se descontrola em momentos cruciais e quedas de desempenho atrapalham a visibilidade.

O chefe em particular some atrás de elementos do cenário, forçando o jogador a lutar quase no escuro para entender o que está acontecendo. Além disso, scripts defeituosos fazem com que certos eventos não sejam acionados, bloqueando a progressão e obrigando a reiniciar fases inteiras.

Um dos maiores destaques de Vessels of Decay é seu estilo artístico pixel art. Os ambientes externos são belíssimos, repletos de ruínas tomadas pela natureza, transmitindo uma atmosfera melancólica que casa perfeitamente com a trilha sonora delicada e imersiva.

No entanto, os ambientes internos não mantêm essa excelência. As cavernas e estações de metrô apresentam layouts repetitivos, pouca variedade visual e são excessivamente escuras. A iluminação limitada, que reinicia toda vez que o personagem morre, força o jogador a refazer longos trechos em busca de fontes de luz, causando frustração.

Essa discrepância entre a qualidade dos ambientes externos e internos revela uma direção de arte inconsistente que impacta negativamente o ritmo da exploração.

Os bugs estão sempre presentes e atrapalham muito a experiência. O comando para finalizar ou absorver inimigos atordoados nem sempre funciona, o que quebra o ritmo do combate e obriga o jogador a usar ataques básicos.

Além disso, crashes frequentes interrompem o fluxo do jogo, e checkpoints mal projetados — que não restauram a vida do personagem — transformam seções avançadas em verdadeiras provas de paciência, exigindo sorte para superar as áreas em vez de habilidade.

Esses problemas técnicos não são apenas pequenos incômodos; eles comprometem a progressão e o prazer de jogar, minando o potencial do título.

Agradecimentos a Headup Games que nos enviou o jogo para a produção do review!

Conclusão

Vessels of Decay impressiona pelo estilo artístico e ambientação rica, mas esbarra em falhas narrativas, combate travado e problemas técnicos constantes. A história com potencial se perde, e bugs prejudicam a jogabilidade, comprometendo a experiência. Apesar dos bons conceitos, o jogo falha na execução, resultando em uma aventura frustrante para quem busca fluidez e profundidade.

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