Review | Yasha: Legends of the Demon Blade é simples, mas entretem

Review | Yasha: Legends of the Demon Blade é simples, mas entretem

Yasha: Legends of the Demon Blade, desenvolvido pelo estúdio 7QUARK, é um action-RPG com elementos roguelike que chama atenção logo de cara pela sua estética. Ambientado em um Japão feudal estilizado, o jogo nos convida a adentrar um mundo sombrio e fascinante, repleto de yokais, florestas e templos ancestrais. No entanto, por trás de sua beleza visual, esconde-se uma experiência que, apesar de ter bons momentos, não prende por longos períodos.

A narrativa gira em torno de três guerreiros sobrenaturais — Shigure, a ninja imortal; Sara, uma oni veloz e letal; e Taketora, um samurai arqueiro poderoso — que estão presos em um ciclo de morte e renascimento, lutando para derrotar a lendária Raposa de Nove Caudas e restaurar o equilíbrio entre humanos e demônios. Embora o enredo parece promissor de começo, ele é superficial e serve apenas de fundo para o gameplay.

A história é contada por meio de diálogos e pequenos fragmentos de lore espalhados em alguns níveis, mas nunca se aprofunda de forma real, fazendo com que nos importemos com os personagens e o que está acontecendo. Os protagonistas possuem um potencial tremendo, mas a desenvolvedora se perde e não envolve o jogador em suas histórias pessoais, deixando a jornada sem o impacto emocional desejado.

Yasha é um roguelike que não reinventa o gênero, mas não estraga o que já conhecemos. O jogo possui uma bela vila que funciona como hub central, onde podemos conversar com personagens, melhorar nossas armas e habilidades, equipar novos talismãs e ganhar buffs. A partir do hub podemos escolher nossa missão e personagem e partir para derrotar ondas de inimigos e chefes, após morrer, recomeçamos e podemos criar alguns upgrades permanentes que facilitam a próxima run.

A cada run, é possível coletar Soul Orbs, itens que oferecem melhorias temporárias e fazem uma grande diferença, mas também podemos coletar itens que dão buffs distintos, como os talismãs e receitas que podem ser cozinhadas. Além disso, desbloqueamos novas armas que possuem aspectos únicos, gerando grandes possibilidades de builds. Mas o ponto chave são as almas coletadas, que nos permitem desbloquear pontos de atributos únicos, como mais vida, reviver e novos movimentos.

Além de termos nosso caminho principal durante cada run, é possível passar por alguns desafios extras para conseguir melhorias como talismãs. Uma dessas maneira é através das arenas de combate durante o Festival do Demônio. Nesse reino repleto de Yokais benevolentes, podemos conseguir diversas melhorias, restauração de vida e itens.

O combate é um ponto importante do jogo, pois, ao mesmo tempo que é o ponto alto, ele é falho. Cada personagem possui um estilo de combate único: Shigure alterna entre duas katanas, Sara foca em ataques rápidos e agressivos com duas lâminas curtas, e Taketora mescla ataques à distância com golpes corpo a corpo devastadores. Essa diversidade entre os personagens garante que cada jogador se adapte à sua maneira e experimente builds com diferentes armas, talismãs e personagens. Além disso, isso gera um frescor durante mais tempo, pois, é possível sempre estar tentando novamente com outro personagem e desbloqueando novas habilidades.

No entanto, o principal aspecto do jogo é o sistema de parry e ele é falho. Apesar de funcionar visualmente, o jogo possui uma janela de tempo pouco intuitiva para executar o contra-ataque, tornando a jornada meio frustrante até se acostumar com o move set de cada inimigo. Em muitos momentos, você vai preferir esquivar do que abordar o inimigo com um parry, mesmo sendo mais punitivo e dando mais dano. Além disso, mesmo com diversos upgrades e novas armas, o jogo não abre mão do parry, tornando necessário que você aprenda – pelo menos contra os chefes – para não sofrer tanto.

Outro fator determinante é que você é obrigado a criar boas builds para conseguir progredir bem e terminar cada run. Os primeiros capítulos do jogo são introdutorios e bem simples, não apresentam um grande desafio, mas os dois últimos são extremamente frustrantes e injustos em certos pontos. O salto de dificuldade é notável logo no começo do terceiro capítulo, onde vai ser o ponto de virada para muitos jogadores que precisarão fazer diversas runs até melhorarem seu parry e suas armas.

Yasha é visualmente um deleite! Com cenários pintados a mão, o jogo recria de forma fiel o estilo do Japão mitológico, com atmosferas únicas. Durante cada run passamos por bosques com suas flores de cerejeiras, vilarejos abandonados e destruídos sob uma forte neblina e grande templos místicos. A direção de arte é estilosa, tornando-se ainda melhor e mais imersiva com a trilha sonora tradicional, com instrumentos orientais e pequenos coros.

Também temos que destacar a arte de cada personagem, seja jogável ou inimigo. A forma com que recriaram a Raposa de Nove Caldas, Kraken e o Umi Bozu é de tirar o chapéu! Conseguiram de forma efetiva colocar os grandes em um tom artístico perfeito para o título. Além disso, até mesmo os inimigos mais simples merecem destaque, pois, apesar da pouca variedade, possuem visuais magníficos.

Quanto ao desempenho, o jogo não apresenta qualquer problemas de crashs, bugs ou quedas de frame durante toda a jornada no PS5 normal. No entanto, ele peca por não ter uma localização para PT-BR e sim para PT-PT – e ainda conta com alguns erros grosseiros na tradução.

Agradecimentos a 7QUARK que nos enviou o jogo para a produção do review!

CONCLUSÃO

Yasha: Legends of the Demon Blade é um belo roguelike que não inova, mas entrega um bom título do gênero. O jogo utiliza seus visuais encantadores e um sistema de combate que repleto de variações e builds, para esconder suas limitações. Apesar de entregar uma história sem profundida, é possível que você se prenda ao jogo pelo simples fator gameplay.

Se você busca algo tão profundo e refinado como Hades, Yasha não é para você. Mas se você quer apenas se divertir e ama o gênero roguelike, vale dar uma chance ao título.

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