Soulstone Survivors finalmente chegou ao PS5 com o lançamento da sua versão 1.0. O título que é uma evolução do gênero Bullet Heaven popularizado por Vampire Survivors, é muito mais do que um “clone”. Ele traz elementos que já conheço, mas possui um nível de profundidade, conteúdo e polimento que fazem dele uma experiência completa entre os jogos do gênero. Mesmo com pequeno tropeços e algumas escolhas de design discutíveis, ele se destaca e diverte!
Soulstone Survivor se esforça para oferecer uma narrativa ao jogador, algo raro nesse tipo de jogo. Assumimos o papel de Void Hunter, um caçador enfrentando os exércitos do Void King. A história é bem simples e superficial, mas funciona bem como um plano de fundo que possui cutscenes e contexto, dando mais proposito ao que acontece. No entanto, quando joguei o título, havia um problema muito sério para jogadores brasileiros: apesar da localização em português do Brasil, a tradução se restringiu apenas aos menus. Os diálogos e textos de história permaneceram em inglês, podendo frustrar quem esperava uma experiência completamente localizada.
A jogabilidade, como se espera, gira em torno de movimentação constante em meio a hordas de inimigos enquanto suas habilidades são ativadas automaticamente. Porém, Soulstone Survivors traz um toque especial ao tornar o combate muito mais caótico e desafiador. Os inimigos aqui não se limitam a correr em sua direção. Eles atacam à distância, criam áreas de dano, invocam aliados e apresentam padrões variados. Isso exige mais atenção, mais estratégia e mais movimentação. É um combate mais dinâmico, mais tenso e, por isso mesmo, mais recompensador.
No entanto, vale destacar um problema aqui: justamente por conta da intensidade e da quantidade de efeitos visuais, inimigos e números na tela, o desempenho sofre. Jogando no PS5, há quedas perceptíveis de frame rate nos momentos mais caóticos. Embora o jogo ofereça opções gráficas para amenizar isso, o fato é que um título com esse escopo visual não deveria ter esse tipo de problema em um console de última geração.
A variedade de personagens também impressiona. São mais de 20 classes jogáveis, cada uma com estilos, habilidades e armas próprios. Você começa com o Bárbaro, que usa poderes de trovão, mas à medida que avança, novos personagens são desbloqueados, todos com abordagens únicas. Cada um tem seu próprio nível de progressão, o que incentiva o jogador a experimentar e encontrar aquele que mais se encaixa em seu estilo. Esse sistema convida à experimentação, mas também recompensa quem domina personagens específicos, já que cada jogador pode customizar cada um de formas diferentes.
A profundidade da progressão é outro destaque. Há uma grade de evolução permanente que se aplica a todos os personagens e permite desbloquear buffs e melhorias duradouras. Além disso, cada herói pode usar até quatro armas diferentes, e ainda há runas especiais que são desbloqueadas ao cumprir certos objetivos. Durante as partidas, é possível ativar modificadores — chamados de “maldições” — que aumentam a dificuldade dos inimigos em troca de mais experiência. Isso amplia bastante a rejogabilidade e permite que o jogador personalize não só o estilo de jogo, mas também o nível de desafio de cada partida.
Apesar de todo esse conteúdo, um aspecto que pode decepcionar é o tamanho das fases. Diferente de Vampire Survivors, que oferece mapas vastos com liberdade de exploração, os cenários de Soulstone Survivors são mais compactos, lembrando arenas fechadas. Tornando as partidas mais diretas e intensas, mas também limita um pouco a sensação de descoberta e movimento livre. Para alguns, essa estrutura mais restrita pode parecer repetitiva com o tempo.
A progressão dentro das fases segue uma estrutura clara: você derrota uma certa quantidade de inimigos até invocar um Void Lord, um chefe poderoso. São cinco chefes por fase, e após derrotá-los, você pode escolher entre encerrar a partida ou seguir para um mapa mais difícil e com maiores recompensas. Esse sistema de risco e recompensa é bem construído, especialmente considerando que, se você morrer, perde tudo daquela corrida. É um fator que adiciona tensão e estratégia às decisões do jogador.
Falando em dificuldade, Soulstone Survivors pode parecer mais fácil do que outros jogos do gênero, pelo menos no começo. O jogo é bastante generoso nos upgrades e habilidades que oferece, o que permite que o jogador se sinta poderoso rapidamente. Para alguns, isso pode tirar um pouco do desafio inicial, mas, com o tempo, mapas mais difíceis e maldições mais pesadas garantem um bom equilíbrio. No fim das contas, a sensação de ser uma máquina imparável de destruição é parte importante do apelo do jogo — e ele entrega isso.
Visualmente, Soulstone Survivors aposta em um estilo 3D cartunesco que lembra vagamente World of Warcraft. Os modelos são bem animados, os efeitos mágicos são chamativos e a interface é clara e organizada. Para quem vem de jogos com estética 2D mais retrô, como Brotato ou o próprio Vampire Survivors, o salto visual é evidente. E mesmo com o excesso de partículas e efeitos visuais durante o combate — que, como já citado, contribuem para a queda de performance — o jogo tem um visual bonito e bem definido, que ajuda a diferenciá-lo dentro do gênero.
Agradecimentos a Digital Bandidos que nos enviou o jogo para a produção do review!
Conclusão
Soulstone Survivors é uma evolução digna do gênero Bullet Heaven, oferecendo profundidade, variedade e combates intensos. Apesar de falhas de desempenho e localização parcial, entrega uma experiência viciante e visualmente marcante. Com muitos personagens, progressão rica e rejogabilidade alta, é um prato cheio para fãs do estilo.
Deixe um comentário